Começa a contar uma nova história

Embora o início do ano já tenha ocorrido há algum tempo, e a temática das resoluções seja um mote muito presente no assinalar da passagem de um ano para o outro, o certo é que, apesar de só o estar a concretizar agora, esta questão do “contar uma nova história” tem sido o tema que tem marcado presença na minha mente desde os finais de Dezembro.

No que respeita a resoluções, se já na passagem de ano anterior tinha sido pouco dada ao seu estabelecimento, desta vez, simplesmente nem o fiz. Este facto deveu-se essencialmente à forma como interpreto o significado da palavra quando associada a esta festividade. Regra geral, neste contexto, a palavra “resolução” remete para algo que é necessário resolver, superar, ultrapassar…

Por norma, isso costuma ser sinónimo de estarmos diante daquilo que tendemos a considerar como um problema. E como aquilo em que nos focamos é para onde se direciona a nossa energia, se estivermos voltados para um problema, ou para algo que, na nossa perceção, precisa de ser resolvido ou superado, não nos conseguimos focar nas soluções. Como consequência, e apesar de já estarem à nossa disposição, não conseguimos aceder às respostas que tanto almejamos receber.

Posto isto, aquilo que fiz, e que se pode assemelhar à tomada de uma resolução, foi somente ter presente esta ideia do começar a contar uma nova história.

Parecia simples.

Parece.

É simples.

(É que é mesmo simples! 🙂 )

Contudo, e como se pode constatar pelo intervalo temporal, tenho-me deparado com uma dificuldade considerável em levar esta ideia avante…

Ou não estivesse eu a dar azo, e a proporcionar um tempo de antena deveras centralizado, à sempre tão presente companheira de jornada desta vida: a resistência.

É que essa bendita tagarela insiste em focar-se naquilo que classificamos como aspetos negativos! O que até pode ser tolerado com alguma leveza quando ela o faz com o que está a ocorrer no momento atual. Contudo, ela é engenhosa o suficiente para ter a capacidade de ir buscar os eventos já idos e nós, na atenção que lhes prestamos, trazemos o passado para o presente e fazemos do presente o passado.

E é assim que, talvez sem termos noção disso, continuamos a contar – e a viver – uma e outra vez, a mesma história… Pode mudar o espaço, pode mudar o tempo, podem mudar os personagens – os secundários, pelo menos -, mas a narrativa na qual eu sou ou, no teu caso, tu és, o personagem principal, continuará, seguramente, a seguir o mesmo fio condutor.

Já tiveste evidências disso, não já? É quase certo que sim!

À medida que avançamos pelo caminho da Vida vamos enraizando em nós esta tendência para nos focarmos naquilo que percecionamos como sendo a realidade, ao mesmo tempo que, gradualmente, permitimos que diminua o ênfase, que outrora atribuíamos, à nossa capacidade de imaginar. De sonhar

Porém, se o nosso verdadeiro trabalho é Ser, é Sonhar é que é mesmo -, não deveríamos estar precisamente a seguir a via inversa e a nutrir a nossa capacidade de traçar as vias, os enredos, as histórias, dos sonhos que queremos manifestar?

Se tivesses a certeza que contar a história, mesmo que seja só na tela da tua imaginação, é o suficiente para ficares mais alinhado com a concretização do teu sonho, não estarias disposto a fazê-lo?

Imaginar apenas.

É tão simples, não é?

E talvez seja precisamente devido a essa simplicidade que a voz da resistência – que para além de tagarelar adora complicar 🙂 – se erga de modo tão firme e nós, no esforço que estabelecemos por escutá-la, tenhamos o dom de nos posicionar sempre como o principal – e único – obstáculo entre o ponto da história onde estamos e a história que queremos realmente viver.

Portanto, mesmo que a resistência pareça determinada em te fazer crer que as circunstâncias estão todas reunidas para colaborar na validação da realidade como realmente real, ou mesmo que algumas pessoas te considerem demasiado fantasioso e coloquem diante de ti palavras como “fica lá com a fantasia e a pouca realidade”, mesmo assim: experimenta!

Abre, literalmente, as asas da tua imaginação. E à medida que ela levanta voo por entre as páginas daquele que é o guião da tua Vida, lembra-te que o poder de autoria é teu.

Só teu!

E que pouco importam as páginas rasgadas ou as palavras rabiscadas.

Tu és o autor.

E na criação daquela que é a tua maior obra tens o poder de começar a contar uma nova história.

Sempre que quiseres.

Diverte-te a fazê-lo! 😉

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Objetivos… mas com Flexibilidade – 1.ª parte

Antes de mais, aproveito para vos dar as boas-vindas a 2018, dentro deste espaço que também é vosso. A todos os que o partilham comigo, cá estamos recém-chegados, a um Ano recém-nascido, ainda no fulgor do estabelecimento de metas e objetivos nos quais, muitos de nós, incutem a carga da esperança de “desta vez é que é”, como se fosse neste novo ano que, finalmente, nos dotássemos da coragem para cumprir com aquela(s) meta(s) que, a cada virar de ano, colocamos na lista de resoluções e que, no final de todos eles, percebemos que contribuímos apenas para o prolongar da continuidade de um sentimento de irresolução.

É com esta extrema facilidade que formamos o círculo vicioso em que a nossa maior resolução de ano novo é elaborar, constantemente, uma irresolução…

Durante alguns anos fiz por me manter a girar nesse círculo. No momento da contagem decrescente, pensar quais eram as intenções que queria concretizar na minha vida era algo que tinha como importante. Algo que eu considerava que poderia realmente estabelecer-se como uma mudança, num futuro que, à medida que os números diminuíam, ficava cada vez mais próximo.

Só que, sem me aperceber, o que realmente acontecia era o seguinte: o estabelecimento das minhas intenções, o conectar-me com elas, durava somente a fração de tempo que decorria entre o brindar, o subir ou não a uma cadeira, segurando uma nota na mão, enquanto comia as 12 passas como se, algures no percurso do processo elaborado pelo sistema digestivo, o associar de cada desejo a uma passa, lhe conferisse maior poder de concretização.

Não sei quanto a vocês mas, após esta descrição, só me ocorre dizer: dahhh! 😀

Exposto assim, fica quase inevitável a sensação de descrença perante a credibilidade que atribuíamos a tais rituais. Mas, como estávamos inseridos num meio em que nos transmitiam a ideia da máxima importância do estabelecimento de objetivos – que, por sinal, já estavam pré-estabelecidos por outros -, sem que nos indicassem estratégias para os podermos levar a cabo, creio que, para muitos de nós, mesmo que nas duas primeiras semanas do ano os tentássemos cumprir, o momento daquela ritualização, elaborado com especial afinco, enquanto soavam as 12 badaladas, constituía-se como o ponto mais alto do nosso contributo para a realização de cada um deles.

Como há já algum tempo que é notório um movimento crescente na mudança deste paradigma, e acredito que ele se irá propagar, fiz questão de escrever o parágrafo anterior no passado.

É claro que a definição de objetivos é importante. E essa importância está na iminência de ser ampliada porque, bem vistas as coisas, as resoluções que costumamos formar são tão vagas, que dificilmente se constituem como objetivos.

Ou seja, embora tenhamos passado a maior parte da nossa vida a tratá-los como princípios idênticos, resoluções e objetivos são elementos distintos.

E apesar do aparente tempo perdido, no emaranhamento causado pela ilusória semelhança entre os dois, a nosso favor joga o facto de estarmos cada vez mais rodeados de técnicas, que nos permitem agilizar as ferramentas que dispomos, para podermos definir e atingir aquilo que realmente nos pode auxiliar no impulso que pretendemos estimular nas nossas vidas: objetivos.

Afinal, responder à pergunta: “O que posso fazer hoje/esta semana/ este mês/ano, para me sentir mais feliz?” e registar, com papel e caneta, o que sinto que faz o meu coração vibrar, difere largamente de pensar “Quero ser feliz”, enquanto procedo à ingestão de mais uma passa. Se gostarmos muito de passas, a sensação de felicidade até poderá ser aumentada enquanto ela se passeia pelas nossas papilas gustativas, mas trata-se de um impacto de pavio muito curto. É tão breve quanto a estadia do pensamento “Quero ser feliz” na nossa mente.

E é esta a principal diferença entre resoluções e objetivos. As primeiras resumem-se a ideias vagas, que cruzam a nossa mente por breves instantes, sendo rapidamente abalroadas pela agitação de tantos pensamentos que fervilham a cada instante. Os objetivos, por sua vez, implicam que formemos perguntas.

E porque é que perguntar é tão importante?

Porque, na busca da resposta, o que vamos realmente procurar são as nossas chaves, as nossas ferramentas, aquilo que temos em nós e que nos possibilita proximidade com o que queremos obter: os nossos super-poderes!

E porque é que registar essas respostas é importante?

Porque, para além de todos os benefícios inerentes à atividade da escrita manual (aumentar a plasticidade do cérebro, melhorar a atenção, a memória, estimular a criatividade…), ao exercê-la no âmbito de um processo de autoconhecimento, favorecemos que se estabeleça conexão, visto que formamos ondas eletromagnéticas (eletro – cérebro/pensamento; magnéticas – coração/sentimento), o que potencia que, de algum modo, comecemos a materializar e a dar forma àquilo pretendemos obter.

Outro elemento que considero crescente na sociedade é o facto de, atualmente, nos ser possibilitada maior liberdade de escolha. Ou melhor, a liberdade de escolha de cada um, em relação aos objetivos que quer concretizar na sua vida, é – e muito bem -, cada vez mais respeitada. Só que a esta circunstância subjaz a responsabilidade individual. A responsabilidade de cada um, apesar de inserido num todo. Teres a liberdade para escolher o que queres, implica que tenhas responsabilidade por aquilo que colocas a circular no mundo.

E como acabei de perceber que o texto acabará por ser mais extenso do que aquilo tinha pensado, lá vou optar por reparti-lo, aproveitando este momento para fazer o remate desta parte. Sendo assim, e como por aqui se pretende fomentar a Coragem que nos coloca no Caminho do Amor, ainda no embalo da oportunidade da energia da renovação, deixo-te com esta pergunta:

Achas que estás preparado para assumir a responsabilidade da liberdade das tuas escolhas?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho