Pelo outro ou por mim? – 4.ª parte

Na semana passada aconteceu uma situação muito gira – aliás, duas, mas deixo uma delas para a próxima – que me parece servir como nota introdutória para dar continuidade a esta reflexão.

Quando alcancei aquele momento em que dei o texto por terminado, deparei-me com uma citação que tinha guardado num documento, só que já não me lembrava que o tinha feito. Guardei-a com a intenção de que ela me pudesse servir de lembrete, do género: “este é um tema sobre o qual ainda vou escrever”. E o giro é que primeiro escrevi sobre o tema e só depois encontrei o dito “lembrete” que, por sinal, resume tudo o que tenho vindo a escrever numa só frase:

 “O Egoísmo não está em viver como se deseja viver, o egoísmo está em pedir aos outros que vivam como você deseja viver.”

Oscar Wilde

 Este singelo conjunto de palavras é o suficiente para expor a diferença entre aquilo que é exercer o egoísmo no Caminho do Amor ou no caminho do medo. A forma como o fazemos neste último, vai continuar a ser a base de desenvolvimento também para este texto.

Creio que é algo que vale a pena a fazer porque, para conseguirmos abrir espaço para o novo – exercer com mais coragem e leveza o egoísmo dentro do Caminho do Amor – precisamos deixar ir velhos paradigmas. E quando conseguimos obter uma compreensão mais ampla sobre o modo como eles nos limitam, torna-se mais fácil para nós conseguirmo-nos soltar deles.

Posto isto, importa que fiquemos recetivos a eventuais evidências que nos permitam sinalizar se estamos a ser egoístas dentro do caminho do medo. Uma delas, como já constatámos no texto anterior, é o recurso à expressão “Estás a ser muito egoísta neste momento!”. A verbalização destas palavras coloca o foco a incidir no outro. Contudo, há uma outra expressão – que tem muitas descendentes -, e que para além da sua recorrente utilização evidenciar que nos estamos a mover pelo caminho do medo, também coloca o foco a incidir na nossa própria pessoa. Será que estamos a pensar na mesma? 🙂 Refiro-me à expressão: “Fiz isto por ti!”

O “fazer por ti”, algo que ainda nos está muito associado ao verdadeiro gesto de altruísmo e à necessidade de sermos validados como “boas” pessoas, implica a aquisição de todo um conjunto de consequências, que podem ser mais ou menos subliminares (também em virtude de nos terem pedido para fazer alguma coisa ou não), e cujo valor de compra, apesar de bem autêntico, encontra-se dissimulado por entrelinhas de letras miudinhas. E essas, ou nos passam despercebidas, ou, mesmo que olhemos para elas, nem sempre nos disponibilizamos para as ler com o merecido e devido estado de presença.

E assim como quem redige as letras miudinhas o faz numa tentativa de renunciar a qualquer efeito que possa provir da possível falta de uma leitura atenta, quem afirma perante o outro “fiz isto por ti”, também está a prescindir da sua responsabilidade como elemento participante em todo o processo.

No inconsciente desta tentativa de nos livrarmos da nossa responsabilidade reside – até onde consigo abranger atualmente –, não só uma necessidade de considerar que o fazer pelo outro nos previne do julgamento de podermos ser considerados uma “má” pessoa, mas também uma intenção de ficarmos completamente ilesos de eventuais sentimentos de culpa.

É como se o recorrer a uma expressão do género “fiz isto por ti”, firmasse um contrato entre mim e o outro.

Na sua primeira cláusula fica logo estabelecida a minha evidente capacidade de altruísmo e, por consequência, o facto de eu ser uma “boa” pessoa.

No entanto, por muito que o contrato estabelecido entre duas entidades esteja bem elaborado, o terreno onde ele assenta – que é a área dos relacionamentos – não é completamente estático. Todos nós sabemos que se trata de um terreno sujeito a oscilações e a movimentos não previstos. Ou seja, no fundo, todos nós sabemos que, num contrato elaborado nestes termos, as condições para que o sentimento de culpa possa emergir tornam-se deveras favoráveis. E cada um de nós, de algum modo, sabe que ele pode despoletar a qualquer momento. É por isso que, logo a seguir, a segunda cláusula deste contrato estabelece que a pessoa em quem se pode depositar a culpa é: o outro. Afinal, se foi pelo outro que agi como agi e, se ao agir assim, estou a ser uma boa pessoa, então, a existir um culpado por algo que não suceda como o esperado, só pode ser… o outro.

Estas são algumas das cláusulas possíveis quando o contrato é do tipo “A Responsabilidade é Tua”. Porém, existe um outro tipo de contrato, que é “A Responsabilidade é Minha”. Neste, a primeira cláusula mantém-se firme e hirta (como uma barra de ferro. Não resisti à brincadeira! 😀 Para quem não entendeu – ou quiser relembrar – deixo o link aqui). A segunda, contudo, altera-se para estabelecer que o depositário da culpa sou eu.

Quando firmo este outro tipo de contrato, assumo a postura de ser a única responsável por toda a dinâmica e por todos os resultados que dela possam advir. Se a minha intenção for a de ajudar, pretendo tanto fazer algo pelo bem-estar do outro que, se tudo correr conforme o esperado, é garantido que obtenho, efetivamente, a comprovação de que sou realmente uma “boa” pessoa. Por outro lado, se os eventos descarrilarem, não vou conseguir lidar com o facto do outro se poder sentir mal/responsável/culpado e vou querer tomar todo o mal-estar, responsabilidade e culpa para mim (tento sofrer na vez do outro, para que ele não sofra). E até nesta ampla disponibilidade para tomar todo este fardo somente para mim, habita a minha necessidade de ser considerada uma “boa” pessoa – “se consigo suportar tudo isto pelo outro, só posso ser uma boa pessoa…”

E haveria aqui tanto mais para explorar… Este está a ser-me um texto particularmente difícil de escrever precisamente por causa disso. Tenho sentido tantas ramificações a quererem surgir, que fico confusa ao tentar perceber qual delas poderá ser a melhor via a seguir. Mas pronto, no conjunto de todas as nuances, vou escolhendo aquelas que sinto a ressoar mais em mim e, neste momento, parece-me que já está elaborada uma base para poder sustentar aquilo que vem a seguir.

Contudo, antes de avançar, gostaria de saber: está a fazer-te sentido?

Quanto a mim, nunca fez tanto sentido como agora. Reconheço que, por diversas vezes, tenho sido egoísta dentro do caminho do medo e, de cada vez que firmei um destes contratos com alguém, a minha visão não abrangia as entrelinhas das tais palavras formadas por letras miudinhas.

Sim, porque embora à primeira vista não pareça, estes contratos estão repletos delas. E elas são de tal modo significativas que, só ao apreciá-las com a merecida atenção, é que nos capacitamos a reconhecer o real valor de compra do que estamos a acordar. Ora, vejamos…

No exemplo do contrato “A Responsabilidade é Tua”, o prescindir da nossa responsabilidade na questão, transporta consigo muito mais do que aquilo que gostaríamos de deixar ir. Afinal, e como por aqui já foi referido, a Responsabilidade anda sempre de mãos dadas com a Liberdade. Para onde uma vai a outra segue logo no seu encalço… Portanto, de cada vez que dispensamos a nossa responsabilidade, abdicamos também da nossa liberdade.

Neste caso, quando afirmo perante alguém “estou a fazer isto somente por ti”, aquilo que estou a abandonar, logo nesse instante, é a minha responsabilidade/liberdade de escolha. Se considero que é irrelevante ter Coragem de assumir, perante mim mesma acima de tudo, que se trata de algo que escolhi fazer, e que, precisamente por isso, é por mim que o faço em primeiro lugar, já estabeleci uma considerável distância entre mim e a minha Responsabilidade. E no preciso momento em que esse espaço de separação se quantifica, inevitavelmente, a igual distância de mim, fica a minha Liberdade.

As letras miudinhas neste tipo de contrato clarificam ainda que, este afastamento entre mim e a minha responsabilidade/liberdade, para além de ter sido uma escolha minha, provoca uma imediata distância entre mim e a minha Essência. E no exato instante em que ocorre este desalinhamento com quem Sou, surge algo que tendemos a evitar a todo o custo: a dor.

Um sentimento de dor manifesta-se, precisamente, para que consigamos perceber que nos estamos a afastar do essencial: de nós mesmos. Porém, como tendemos a evitar tudo o que nos remeta para a dor, vamos ter dificuldade em reconhecer que fomos nós que a causámos, através das escolhas que fomos fazendo. Quando nos encontramos neste ponto, começamos a vislumbrar a iminência de nos sentirmos culpados por aquilo que nós próprios causámos. E como há um lado nosso que vai querer continuar a mover-se pelo caminho do medo, é aqui que desperta em nós uma vontade de nos afastarmos do outro, projetando para ele tudo o que acabámos de criar. E mais uma vez, por pura desatenção, não percebemos que, se me afasto do outro, para prevenir um eventual surgimento do sentimento de culpa em mim, a pessoa de quem fico mais distante é a minha.

É desta forma que, no âmbito do contrato “A Responsabilidade é Tua”, se reúnem as condições perfeitas para podermos depositar a culpa do nosso mal-estar… no outro. Ao seguir todos estes trâmites cumprimos com a segunda cláusula, sem olhar para as tais das letras miudinhas que referem ainda que, este depositar da culpa no outro, acabará por levar a que ele se afaste de nós também. Ninguém gosta de transportar fardos que não são seus…

No caso do contrato “A Responsabilidade é Minha”, as letras mais pequeninas esclarecem que, se tento tomar para mim toda a responsabilidade, é porque estou a tentar levar comigo muito mais do que aquilo que me pertence.

Ainda te lembras do que é que anda sempre de mãos dadas com a Responsabilidade?

Pois é! De cada vez que tentamos tomar a responsabilidade do outro na questão, “fazendo tudo por ele”, estamos também a tentar levar a sua liberdade. Não estou a dizer que seja de propósito, nem sequer que seja um comportamento consciente mas, que o fazemos, lá isso fazemos.

Ao exercer este tipo de comportamento, em que assumimos uma postura de que só eu consigo fazer algo de bom ou útil pela situação, acabamos por criar uma dinâmica que anula a existência do outro no processo. De modo consciente ou inconsciente, estamos a considerar que o outro é incapaz de lidar com um determinado evento, sendo que até poderá ter sido ele próprio a criá-lo (lembra-te que somos cocriadores da nossa realidade).

O outro, por sua vez, acabará por sentir o que lhe estamos a fazer e, como talvez já te esteja óbvio, terá tendência a afastar-se. E aqui, as entrelinhas que escapam à nossa visão, mas que seguem em paralelo com o exemplo do contrato anterior, esclarecem que tudo isto reflete apenas a enorme distância a que estamos de nós mesmos. Eu estou tão distante de quem Sou – o que me leva a sentir dor – que estou disposta a fazer tudo pelo outro, a ver se dissipo a dor que sinto.

Se a partir daqui os acontecimentos ocorrerem de modo que eu considere favorável, provavelmente ainda vou conseguir desfrutar de uma momentânea sensação de bem-estar. Por outro lado, se o inesperado surgir e eu o considerar desfavorável, como firmei um contrato em que a responsabilidade é toda minha, para além de tentar levar toda a responsabilidade (a minha e a do outro) – e a liberdade do outro -, sem dúvida que ainda vou levar toda a culpa. E é assim que, em menos de nada, colapso todo um abismo, que me faz permanecer a uma enorme distância. Tanto de mim. Como do outro.

E estes são apenas meros exemplos daquilo que é exercer o egoísmo dentro do caminho do medo. Sendo que, na generalidade, o nome que costumamos atribuir a tudo o que aqui foi enumerado, como decretando algo de bom a ser feito, é: altruísmo.

Dá que pensar, não dá?

Espero que sim! Espero que todo este reconhecimento, feito com a devida leveza, toque uma parte tua. Aquela parte que está em alinhamento com quem És. Aquela parte que te incentiva a escolher, Agora e sempre, o Caminho do Amor.

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Pelo outro ou por mim? – 3.ª parte

Sinto-me contente por continuares desse lado a acompanhar-me, tanto na leitura, como na partilha do processo de descoberta. Eu, de mim. Tu, de Ti mesmo.

Não sei se sucede o mesmo contigo mas, eu sinto um fascínio imenso no desdobrar desta jornada. E embora ande na minha própria companhia há alguns anos, continua a firmar-se a presença da sensação de que há sempre algo novo a descobrir. A (re)lembrar.

Estes textos mais recentes são-me um bom exemplo disso mesmo.

Para vocês ficarem com uma noção, já tinha sentido que teria de abordar esta temática há cerca de uns três meses. Quando comecei a escrever aquele que se tornou na sua 1.ª parte, considerei que apenas um texto bastaria. Porém, à medida que me vou envolvendo nas palavras e na sua simbiótica reflexão, de vez em quando, emerge uma… possibilidade. Uma possibilidade que me transporta, por uma fração de espaço que se estende diante de mim, para um estado um pouquinho mais além do que aquele onde me encontrava.

São pequenos momentos em que me sinto a abranger mais. A acolher. A integrar. A expandir… E o que resulta daí, de forma mais visível neste suporte, são textos também mais extensos, que acabam por ter de se subdividir.

Aquilo que não se torna tão visível para vocês mas, que eu sinto bem no âmago do meu Ser, de cada vez que o processo flui pelo processo que acabei de vos descrever, é uma imensa Alegria.

E pegando neste ponto posso aproveitar para estabelecer uma ponte com o tema que temos vindo a abordar. Afinal, apesar de eu ter a intenção de que os textos que escrevo cheguem ao maior número de leitores possível, e que cada um de vocês reúna a Coragem necessária para partir – ou continuar – à descoberta de Si mesmo e dos seus Super-Poderes, a verdade é que o faço, essencialmente, por mim. Sou eu a primeira privilegiada a usufruir da sensação de bem-estar que obtenho com todo o processo de escrita e de partilha.

Sou egoísta. Contudo, como referi no texto anterior, ainda estou em fase de aprendizagem. Ainda estou a aprender a aceitar e a acolher esse meu lado, sem lhe inculcar nenhuma carga de que a sociedade me possa considerar uma “má” pessoa, de cada vez que reconheço que faço o que faço por mim. Sempre!

É em momentos como este, em que, apesar de ter em mim uma certa dose de preocupação com essa validação externa, escolho avançar pelo caminho que pode não ser o expectável para os outros mas que, pela orientação do norte da minha bússola interna e pela incrível sensação da vibração que daí resulta, me permite sentir, mesmo que por breves instantes, mais próxima de quem realmente Sou. E à medida que essa contiguidade com a Fonte se vai clarificando, desponta em mim a capacidade de reunir um pouco mais de Coragemé preciso Coragem para escolher o Amor sobre o medo. A dose de Coragem necessária para afirmar que, ser egoísta, dentro do Caminho do Amor, é o nosso estado mais natural de Ser.

Se bem que, mesmo quando não nos estamos a mover no Caminho do Amor, continuamos a exercer as nossas ações por interesse próprio. Sempre.

Por exemplo, quase de certeza que todos nós já ouvimos alguém a dizer-nos: “Estás a ser muito egoísta neste momento!”. Quase de certeza que tu, tal como eu, já disseste a alguém: “Ao agires assim, estás a ser muito egoísta!”.

Atendendo ao que fomos decidindo incutir na nossa programação interna, ao longo dos nossos primeiros anos de existência, proferir expressões semelhantes às enunciadas em relação a um determinado comportamento ou atitude do outro, tornou-se algo habitual. Um habitual que se torna tão frequente e quotidiano no nosso meio envolvente, que nem nos questionamos sobre o que estamos efetivamente a fazer.

E o que é que estamos efetivamente a fazer?

Para não generalizar, até porque a reflexão está a partir de mim e sou eu quem tem de apresentar a sua resposta, vou reformular a questão: “O que é eu estava efetivamente a fazer de cada vez que dizia a alguém: «Estás a ser egoísta»?”

E o incrível é que a resposta que me surge é bastante simples.

De cada vez que eu dizia a alguém que essa pessoa, num certo conjunto de circunstâncias, estava a ser egoísta, no fundo, o que eu lhe estava a dizer era que ela não estava a ter em conta os meus próprios interesses. E se estou a querer que o outro tenha os meus interesses em conta, estou a agir por interesse próprio. Portanto, de cada vez que eu apontava essa característica em alguém, estava a ser o quê? Ora lá está! Sempre a tal da egoísta.

Só que, como temos vindo a perceber, esta forma de ser egoísta é exercida dentro do caminho do medo. O caminho que nos leva à desconexão com a nossa essência. O caminho da vibração da escassez. Da falta…

Se preciso que o outro tenha em consideração os meus próprios interesses, é porque há algo que me está a faltar. E o leque daquilo que me poderá estar em falta pode ser imenso. No entanto, há apenas uma pessoa no mundo capaz de identificar, e colmatar, essa mesma falta.

Não foi o outro quem colocou a falta em mim. Fui eu.

Mesmo que o outro tenha tentado exercer alguma influência para que essa sensação de falta surgisse ou permanecesse, a única pessoa responsável pela escolha de aceitar essa influência sou eu. Sempre eu.

No teu caso, sempre tu.

E por muitas voltas que demos, vamos parar sempre a este ponto. Sempre eu. Sempre tu. Sempre os próprios interesses de cada um.

E, caramba, tenhamos Coragem para tomar esta Responsabilidade para nós. Pois, de cada vez que o fazemos, sentimos o sabor da nossa própria Liberdade. E ela sabe tããão bem…

Sentiste-a a começar a fervilhar em ti?

Por aqui, ela marcou presença. Espero que contigo também. Se assim foi, fica a saboreá-la um bocadinho. Deixa que ela se espalhe e difunda em ti. Fica só a senti-la. Ela merece.

E tu também!

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Pelo outro ou por mim? – 1.ª parte

Estou sem escrever há tanto tempo que, agora, que finalmente me predispus a fazê-lo, encontro-me a ser invadida por uma sensação de nervoso miudinho, como se estivesse a duvidar da minha capacidade de retomar o trabalho que por aqui iniciei antes.

Sempre tão matreira esta voz da Resistência… Sempre tão atenta e perspicaz. Sempre prestes a infiltrar-se por uma qualquer ínfima fissura que lhe coloquemos à disposição.

Se bem que, parte deste nervoso miudinho também se deve a uma certa complexidade do tema. Afinal, o que existe de mais complexo do que os relacionamentos?

Sejam eles quais forem, sejam eles com quem forem, toda a nossa vivência é estabelecida e realizada com base em relacionamentos.

Eles são o que temos de mais comum na nossa condição humana. No entanto, por muita experiência, conhecimento e tempo de vida que tenhamos, deparamo-nos, persistentemente, com questões que estimulam, instigam e desafiam a nossa capacidade de nos relacionarmos, quer seja com os outros, quer seja connosco, quer seja com quem somos em relação aos outros…

Enfim, o tema é tão vasto que nos requer uma vida inteira (no mínimo 🙂 ) para aprimorá-lo.

E a questão levantada pelo título toca no cerne de algo que costuma ser presente e transversal a todos os relacionamentos: a nossa tendência de dizer – e realmente acreditar – que fazemos o que fazemos pelo outro.

Trata-se, inclusive, de uma questão que surge com alguma frequência em conversas com uma amiga pois, quando lhe digo que o que fazemos é sempre por nós próprios, ela remata sempre com o “Não tens filhos, não sabes.”

Obviamente, trata-se de um argumento que ela me pode devolver sempre, porque não tenho realmente filhos. Contudo, e talvez por todo o trabalho de reflexão feito anteriormente, e que tem vindo a permanecer em expansão, aquele argumento não entoa em mim, por muitas vezes que eu o ouça.

De facto, não tenho qualquer conhecimento de causa sobre o desafio que é relacionar-me com um filho mas, consigo conceber que toda a Vida é feita de desafios e que, a maneira como lidamos e agimos perante eles, depende do Ser de cada um.

Por outro lado, a vida permitiu-me vivenciar algumas experiências da outra via desse relacionamento: relacionar-me com os pais.

E tenho de confessar que, apesar de tudo o que acabei de escrever, fui tomada por uma dose de choque e de apreensão quando li pela primeira vez este trecho:

“Como seres humanos normais e “bons”, agimos eternamente por interesse próprio. Somos essencialmente egoístas.”

John C. Parkin, fuck it – Que Se Lixe!

Isto foi lá em 2009 e, mesmo sem ter filhos, eu alcançava esse paradigma de fazer algo pelos outros pois, essa era uma postura que eu fazia por assumir perante as pessoas que tinha como próximas e relevantes para mim.

Repararam nestas últimas palavras? Ao escrevê-las, surgiu-me logo a sensação de que, só por aqui, já se denota a diluição daquele paradigma. Afinal, quem é que considerava determinadas pessoas como próximas? Quem é que lhes atribuía relevância? Era eu, não era? Claro que sim. Portanto, a ideia de que faço o que faço por mim, sempre, adquire logo espaço de existência.

Porém, naquela altura, eu ainda não tinha efetuado qualquer observação e reflexão sobre esta temática e estava efetivamente convencida de que muitas das minhas ações eram feitas pelos outros.

Mais… apesar de ser de modo inconsciente, tinha presunção e arrogância suficientes para considerar que essas ações teriam significado efetivo e real na vida dos outros.

Nooossa…

Portanto, ao ler “agimos eternamente por interesse próprio”, muitas das minhas atitudes e ações que, até àquele momento, estavam categorizadas nos meus juízos de valor como sendo algo “de bom”, foram imediatamente colocadas em cheque.

A dúvida, aproveitando-se do momentâneo estado de surpresa, ainda fez por insistir em permanecer. Afinal, eu tinha vivido com essa crença durante todo o meu tempo de vida até então. Para além disso, havia um tipo de relacionamento que, embora não fosse do meu próprio conhecimento vivencial, eu concebia como sendo aquele em que realmente se faz algo pelo outro: o dos pais em relação aos filhos.

Só que no corpo do texto daquele capítulo do livro, escrito por um pai, estavam as seguintes palavras:

“Se tem uma família à sua volta e quiser argumentar que não faz as coisas por si mas pela sua família, pergunto-lhe: Porque constituiu família em primeiro lugar? Não foi por si? Não retira prazer de sustentar e de estar com a sua família? Se é assim, então também está a fazê-lo por si.”

E a ficha caiu.

Não porque tenha sido um pai ou um autor a escrevê-lo. Nem sequer porque eu tenha optado, deliberadamente, por estabelecer uma mudança em mim. Mas, naquele momento, eu senti: “Pois é, tudo o que fiz foi sempre por mim.”

E senti-o com bastante ênfase na palavra “sempre”.

À primeira vista pode parecer uma palavra algo excessiva que, de certa forma, condiciona o nosso espaço de ação. No entanto, desde que me tenho por gente até àquele ponto do tempo, e desde aquela altura até este instante em que me encontro a escrever, ainda não existiu uma circunstância na minha vida que lhe tenha servido de exceção.

Mesmo que na minha intenção de ação esteja incluída outra pessoa, eu sou movida a agir por aquilo que considero importante. Viável. Plausível.

Tudo o que fiz foi sempre por mim porque, todas as minhas ações, foram sempre desencadeadas pelas crenças, valores e paradigmas que trago dentro.

É certo que se pode retorquir que muitas dessas crenças, valores e paradigmas me foram transmitidos pelos outros. Contudo, quem é que escolheu acreditar neles e tomá-los como seus?

Pois é! Sempre eu.

No teu caso, sempre tu.

Engraçado! Agora que estou para aqui a escrever e a pensar nisto tudo, inevitavelmente, os registos de algumas memórias de infância vieram ter comigo. E, pelo olhar que me é possível ter em 2018, fica evidente, com uma profundidade que ainda não tinha alcançado que, no âmago de toda esta questão, os meus pais, no que aos filhos diz respeito, efetivamente, fizeram o que fizerem sempre por eles próprios. Por aquilo que eles consideravam como sendo o melhor, tanto para mim, como para o meu irmão.

E face a alguma ponta de dúvida que ainda espreite com o vislumbre da vontade de crescer, basta constatar que, perante o mesmo filho, numa mesma situação, os progenitores têm posturas diferentes. E não se trata apenas da postura de um pai ser diferente da de uma mãe. Trata-se de pai e mãe serem, acima de tudo, duas pessoas, dois seres humanos, com particularidades que são de cada um.

Perante um mesmo cenário, um filho não age exatamente igual a outro. Por sua vez, um pai também não age exatamente igual a outro. Assim como uma mãe também não age exatamente igual a outra, precisamente porque, a categoria que denomina o lugar de cada um na relação, que merece ser respeitada pela ordem que ajuda a estabelecer, não determina o nosso modo de ação.

Toda a ação, de qualquer ser humano, é motivada por aquilo que ele traz dentro.

No fundo, somos mesmo egoístas. Só que, ao contrário daquilo que foi sendo apregoado pela sociedade em geral – e que é a razão subjacente do nosso estado de choque quando nos deparamos com tal afirmação – está tudo bem em sermos assim.

O egoísmo não faz de nós “más” pessoas. Aliás, etiquetar as pessoas como “boas” ou como “más” é algo que cada vez me faz menos sentido. Todavia, e tal como tudo na Vida, o egoísmo pode ser exercido num de dois caminhos: medo ou Amor.

Portanto, abraça o egoísta que há em ti.

Ao acolhê-lo como uma parte tua, colocas-te em movimento no Caminho do Amor. E à medida que fores avançando, com um passinho a seguir ao outro, saberás que é aí que podes viver a plenitude do teu egoísmo, assim como a totalidade do teu Ser. Afinal, esse é o caminho em que te podes exercer em total responsabilidade… e liberdade!

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Em 2009, quando terminei de ler o capítulo ”Diga Que Se Lixe e Seja Egoísta”, do fuck it – Que Se Lixe!, disse a mim mesma algo do género: “Um dia ainda vou escrever sobre o egoísmo, fazendo referência ao ser-se egoísta pelo medo ou pelo Amor.” Hoje chegou o dia. 🙂 Olha eu a cocriar! Oh, yeah! 😉

Susana Martinho

O nosso verdadeiro trabalho é SER. É sonhar! – 2.ª parte

Como te tens sentido a realizar o teu verdadeiro trabalho? Tens vindo a exercer quem és, colocando a essência da tua energia a vibrar no Mundo?

Como tudo isto implica que partas à descoberta de TI, para que te tornes capaz de assumir a tua responsabilidade, de modo a que possas viver a tua liberdade, é realmente um trabalho para a vida e que dá… trabalho.

No entanto, aquilo que recebemos de volta quando o exercemos é de valor incalculável. Ou, pelo menos, é assim que eu o sinto.

Perceber que na possibilidade de Ser, subjaz a possibilidade de Sonhar, é algo que me fascina. Contudo, não foi sempre assim.

Como já partilhei convosco, eu considerava-me uma pessoa sonhadora, até me ter convencido que sonhar era um engano. E foi somente quando comecei a tomar consciência de que a matéria-prima de tudo o que existe no Universo é comum, e que tudo foi criado na intenção e na vibração do Amor, é que voltei a acreditar na possibilidade de sonhar. Portanto, foi todo um processo de aprendizagem e de autoconhecimento. Foi todo um trabalho que tive de desempenhar.

Só que, ao contrário do trabalho tido como tradicional, o que recebo à troca não é um salário. O que estou receber à troca é a oportunidade de (re)aprender a sonhar!

E, mais uma vez, não consigo evitar o sorriso que brota. 🙂

Há algo no meu Ser que vibra com toda esta jornada. Há uma alegria que se expande. Que se alastra. Que se propaga e difunde. Uma alegria que não está dependente de um salário. Que não depende de dinheiro, nem de qualquer bem que ele me possa permitir comprar. Depende apenas do facto de me permitir SER.

E acredito que contigo possa acontecer exatamente o mesmo.

Portanto, é mesmo com o nosso Ser que podemos Sonhar e concretizar. Mas, para podermos exercer o nosso verdadeiro trabalho, usufruindo da nossa liberdade de sonhar, é necessário que o façamos com responsabilidade.

Sonhar com responsabilidade é sonhar de forma consciente. E sonhas de modo consciente quando te conheces. E, para te conheceres, tens de reunir a Coragem necessária para mergulhar em Ti.

Pareceu-te repetitivo? É porque realmente é!

Acaba por ser um ciclo, tal como a própria vida. O Ciclo do Sonho!

E apesar do trabalho que envolve, acredito que o processo de mergulho interior se torna muito mais aprazível quando conseguimos antever nele a possibilidade de concretizar sonhos.

Afinal, e como já foi referido várias vezes por aqui – e porque nunca é demais lembrar – só quando te conheces é que consegues identificar em que caminho te estás a mover.

E à medida que és capaz de identificar o caminho em que te estás a mover, a cada passo que dás pelo caminho da tua Vida, acredito que todo o percurso se possa tornar mais simples. Mais leve.

Tudo adquire uma simplicidade borbulhante quando percebes se estás a vibrar por um medo ou por uma alegria.

Consegues perceber o que te faz sentir medo? E o que te faz sentir alegria?

Conhece os teus medos. Conhece as tuas alegrias. E, a partir daí, aprende a escolher. Escolhe o caminho!

Tudo o que te faz vibrar de alegria está em alinhamento com o teu Ser. Com a tua essência. Logo, se conseguires reconhecer que o teu coração está Feliz, vais tomar consciência de que te estás a mover no Caminho do Amor.

E quando estiveres nesse caminho, continua a trabalhar para te conheceres.

Conhece-te ao ponto de perceber ao que escolhes dar atenção pois, aquilo em que colocas a tua atenção determina a tua vibração. Conhece-te ao ponto de perceber qual é a informação que estás a enviar para a tua energia. Conhece-te ao ponto de sentir qual é o ponto mais alto da tua energia. E exerce-a. Exerce a tua energia no Mundo – o teu verdadeiro trabalho é SER – e, quando sentires que a informação que lhe envias te devolve uma emoção imensa de alegria, semeia.

Semeia nesse caminho os sonhos que levas dentro. Com amorosidade. Com leveza.

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

O nosso verdadeiro trabalho é SER. É sonhar! – 1.ª parte

Acredito que algumas pessoas, ao se depararem com o título que atribuí a este texto, sem estarem dentro dos conteúdos aqui abordados anteriormente, possam pensar aquilo que também já pensei: que sonhar é um equívoco, uma ilusão. Pura perda de tempo…

Se esse é o teu caso, sugiro-te que leias primeiro cada uma das partes da temática “Como te sentes em relação a sonhar?”: 1.ª parte, 2.ª parte, 3.ª parte e 4.ª parte.

Por outro lado, se és um dos leitores que me tem vindo a acompanhar, creio que facilmente percebes que o título deste texto vem no fluir da mensagem partilhada no anterior.

Cada um de nós, na sua energia, na sua essência, é um sonho manifestado. Como tal, o nosso verdadeiro trabalho no Mundo, é exercer a energia que somos. É Ser. E, se somos um sonho, o nosso trabalho também é sonhar.

E nós fazemo-lo!

Porém, na maioria do tempo, não só devido aos desvios que fomos fazendo ao longo da vida para o caminho do medo, mas também, pela cultura dos meios de comunicação social que, no seu incentivo ao forte consumismo, nos coloca constantemente diante de imagens que facilitam o processo de afastamento da nossa conexão, nós sonhamos de forma inconsciente. Fora do nosso centro. Em desalinhamento com o nosso Ser.

Ou seja, se por um lado, de cada vez que escolhemos reprimir ou suprimir uma parte de nós; de cada vez que não nos sentimos merecedores da generosidade da Vida, que pode chegar-nos sob as mais diversas formas; de cada vez que escutamos e validamos a voz da Resistência; estamos a escolher seguir o caminho do medo; por outro lado, de cada vez que escolhemos ir atrás, muitas vezes em modo de esforço e de luta, das imagens que nos são incutidas como bens necessários a Ter, para podermos Ser felizes, estamos a escolher seguir por esse caminho igualmente. Em termos energéticos, estamos a vibrar pela frequência do que não temos.

Se precisas de ter, é porque te está em falta e, se sentes que te está em falta, estás a vibrar pela escassez. E o Universo é um eco. Ele devolve tudo aquilo que emanamos…

Quando enveredas pela busca do Ter para Ser, começas a percorrer a via que, aos poucos, te vai levando para longe de TI, porque ser, tu já és. Mas, se te predispões a ir buscar o Ter para Ser, todos os passos que deres nesse sentido vão-te levar à desconexão. Ao desalinhamento. E quanto mais avançares nesse caminho, maior será a distância a que ficarás do teu centro. Maior será a distância que terás de percorrer de volta para TI…

Porém, continuas a ser um sonho. Continuas a sonhar. Só que sonhas dentro da vibração de tudo o que achas que te falta. De tudo o que já não te lembras que és. E é aí que surgem materializados aqueles que chamamos de sonhos falhados, mas que não deixaram de ser sonhados.

Portanto, se és um sonho e és livre para sonhar, e a tua liberdade anda de mãos dadas com a tua responsabilidade, cabe-te assumir a tua responsabilidade de sonhar. E assumir a tua responsabilidade dá… trabalho!

O verdadeiro trabalho para a vida! O verdadeiro trabalho que temos de realizar.

E, dependendo do caminho em que te estás a mover, no momento em que acabares de ler estas palavras, poderás entender esse trabalho como algo penoso, árduo e incrivelmente difícil de se concretizar. Ou – e espero que seja por este caminho que estejas disposto a seguir cada vez mais -, poderás entender que, apesar do trabalho que envolve, descobrir quem és; para que o possas SER; e para que possas concretizar o que podes sonhar, dentro do Sonho que és; é simplesmente a jornada mais incrível de todas. É o trabalho mais extraordinário que poderás exercer.

É ou (não) é fantástico sentires que és um sonho que pode sonhar?

Não sei qual será a tua reação ao ler esta pergunta mas, eu, não consigo evitar sorrir à medida que vou alinhando as palavras que aqui escrevo. E se estou feliz, estou a sonhar de acordo com quem Sou!

E tu, neste exato momento, consideras que estás a sonhar de acordo com quem és?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Como te sentes em relação a sonhar? – 2.ª parte

Na semana passada, na partilha que fiz convosco, expus o meu percurso em relação ao que senti, ao longo da vida, em relação a sonhar.

Comecei por me sentir uma sonhadora, que associava o concretizar dos sonhos ao resultado do esforço e da luta. Numa fase seguinte, misturei de tal forma o Ser com o ter uma profissão, que me esqueci de quem era. E quando a Vida me levou o Ter, e me senti sem o Ser, projetei toda a responsabilidade da dor da perda que daí adveio para o facto de ter sonhado. E foi assim que entrei no momento de sentir que sonhar era um equívoco.

No ano passado, através de diversas fontes de conhecimento que me foram chegando, tive oportunidade de contactar mais com a Física Quântica e com a minha Espiritualidade. 2017 foi, para mim, um ano de despertar. E embora ainda não me sinta inteiramente capaz de colocar em prática todos os ensinamentos que adquiri, aprendi o suficiente para perceber que a Vida é sábia. Foi movida por essa sabedoria que ela não teve outra alternativa senão ter-me levado o Ter, para que, nessa perda, eu pudesse reencontrar o meu Ser.

É que apesar de não nos ser fácil reconhecer, cada perda traz consigo a delicadeza de uma oportunidade. No entanto, é necessário aprender a ajustar o olhar, a direcionar o foco, para que a consigamos vislumbrar.

Naquela altura, o meu foco ficou tão direcionado na aparente perda do Ser, que levei muito tempo a compreender que me estava a ser dada a oportunidade para voltar a reconectar-me com a minha essência. E foi somente no momento em que este entendimento adquiriu clareza, que consegui perceber que, afinal, não havia nada de errado em sonhar.

Não tinha sido o sonho o responsável por aquela perda. A única responsável era eu, através das escolhas que tinha feito.

Foram as minhas escolhas que me levaram àquele ponto de fusão do Ser com o Ter. Portanto, foram também as minhas escolhas que atraíram a perda do Ter, para que eu tivesse a oportunidade de perceber, que mesmo sem o Ter, eu continuava a Ser.

E, pelo meu nível de consciência, é neste instante que a Física Quântica se torna crucial para um melhor entendimento de todo este processo.

“Se queres descobrir os segredos do Universo, pensa em termos de energia, frequência e vibração.”

Nikola Tesla

Já por aqui foi falado que tudo é energia. Isto também significa que tudo tem uma frequência… e nós não somos exceção.

Somos seres igualmente formados por átomos. O nosso Ser é energia. O nosso Ser tem uma frequência vibratória.

Por outro lado, cada um de nós é único no mundo.

Aliando estes factos, isto significa que cada ser humano é uma energia única e é por isso que faz tanto sentido falar em essência.

O nosso Ser verdadeiro é-o em essência e cada essência é singular.

E em termos de frequência energética, apesar da singularidade de cada um, todos conseguimos aceder a diferentes frequências que nos são comuns.

É por isso que, ao contrário daquela frase tantas vezes dita e ouvida – “os opostos atraem-se” -, o que acontece realmente é que semelhante atrai semelhante. Ou seja, atraímos para junto de nós, para a nossa Vida: eventos, situações e pessoas que vibram na mesma frequência que estamos a emanar.

Somos mesmo responsáveis por tudo o que vivenciamos. Por tudo o que escolhemos. Somos, como cada vez é mais frequente ler e ouvir o termo, cocriadores da nossa realidade.

Para quem pondera que está a viver a vida dos seus sonhos, a tomada de consciência destas considerações talvez se efetue de modo quase osmótico. Porém, para quem olha para a vida ao seu redor e considera que os eventos, situações e pessoas nela presentes não estão de acordo com o que deseja, esta informação torna-se algo indigesta. Conheço a amargura desse sabor…

Se este for o teu caso, e se por aqui me tens vindo a acompanhar, questiona: em que caminho estás a fazer as tuas escolhas? Neste exato momento, consideras que te estás a mover no caminho do medo ou no Caminho do Amor?

Pode parecer repetitivo – e realmente é – porque, a escolha que fazemos entre esses dois caminhos é uma constância, não só na vida, mas a cada instante do dia.

Num só dia, deparamo-nos com imensas situações que, por muito insignificantes que nos possam parecer, requerem que façamos esta escolha. E nós fazemo-la…

Tenta olhar para o teu dia de hoje e perceber em qual dos caminhos te posicionaste de cada vez que tiveste de realizar alguma atividade ou ação.

Consegues perceber em qual deles te movimentaste mais?

Lembra-te que este é um espaço de não julgamento, onde não existem respostas certas ou erradas. Este é um espaço que visa potencializar o nosso desenvolvimento. E digo o “nosso” porque, antes de a mensagem chegar a ti, é a mim que a estou a transmitir em primeiro lugar.

Por isso, se te deparares com a amargura do sabor do reconhecimento de que te movimentaste mais pelo caminho do medo, lembra-te que a tua responsabilidade anda de mãos dadas com a tua liberdade. E quando esta lembrança estiver presente na tua mente, deixa que ela se transforme na emoção que irá substituir esse sabor amargo, pela fresca doçura do sabor de teres sido livre.

E em jeito de resposta à questão colocada na imagem do texto, atrevo-me a afirmar: foste livre para escolher. Também és livre para sonhar

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Objetivos… mas com Flexibilidade – 3.ª parte

Terminei a 1.ª parte deste tema com a pergunta: achas que estás preparado para assumir a responsabilidade da liberdade das tuas escolhas?

E agora deparo-me naquele momento em que gostaria de saber se te foi fácil responder. Terás pensado logo que “sim”, que “não”, “não sei…” ou outra coisa qualquer? O que sentiste quando pensaste na pergunta? E o que sentiste perante as respostas que te surgiram?

O certo é que não existem respostas certas e acredita que gostaria mesmo de saber o que pensas… o que sentes. Afinal, este espaço faz-me muito mais sentido quando existe partilha e ela ocorre, com maior plenitude, quando tu também deixas aqui o teu testemunho.

Pela minha parte, fazendo a pergunta a mim mesma, e tendo presente que é sempre necessário ter em conta o momento atual, a minha resposta é: não sei até que ponto estou inteiramente preparada para assumir a responsabilidade da liberdade das minhas escolhas mas, sei que não estou disposta a prescindir dela.

E o que me leva a hesitar ao ponto de não ter clara certeza da preparação que será eventualmente necessária, é a consciência de saber que não me conheço completamente. Contudo, conheço-me o suficiente para saber que faço questão de tomar a responsabilidade das minhas escolhas para mim, pois isso implica que a liberdade de escolha também foi exercida pela minha pessoa.

E de que forma é que estes conceitos da responsabilidade e da liberdade se relacionam com o tema em questão?

Como partilhei convosco na semana passada, eu própria fiquei surpreendida quando me vi perante eles no primeiro texto desta nova “partitura”. Porém, ao mesmo tempo, constatei que fazia todo o sentido que assim fosse.

Se estamos a falar de objetivos que queremos estabelecer e definir para as nossas vidas, e se a definição desses mesmos objetivos passa por obtermos algo com que queremos impulsionar o nosso Ser e a nossa vida, então, só podemos desejar o melhor para nós quando nos conhecemos ao ponto de saber o que pode ser o melhor para nós.

Por outro lado, e passando a redundância do parágrafo anterior, tudo no Universo começa com uma intenção. Logo, se queres ser específico em relação aos desejos que queres concretizar – nesta coisa dos objetivos a especificidade é fundamental -, e como se pode considerar que ainda estamos dentro do prazo em que se podem elaborar resoluções, talvez a melhor que possas estabelecer, desde 2018 para a vida, seja determinar o objetivo de te conheceres.

Apesar do título do texto o poder sugerir, não me vou focar em eventuais estratégias para conseguirmos definir objetivos e metas. Neste momento, a ideia à qual quero atribuir destaque é somente esta:

Cria Coragem e envereda por aquela que é capaz de ser a jornada mais incrível da tua vida: conhece-te!

Atreve-te a olhar para Ti e a perceber o que faz o teu coração ficar oprimido e o que o faz vibrar, pois essas são as evidências que te mostram em qual dos caminhos estás a fazer as tuas escolhas: medo ou Amor.

Lembra-te que, independentemente do caminho em que te moves, a escolha é tua. E é por isso mesmo que cada um é responsável por aquilo que coloca a circular no Mundo. No seu, em primeiro lugar. No dos outros. No de todos.

Ser livre para escolher é uma reta coincidente com ser o único responsável pela escolha feita.

Dentro da temática deste texto, isto significa que tens liberdade para definir os objetivos que quiseres mas, a sua concretização implica a realização de escolhas e, inevitavelmente, o ato de escolher traz, agregado a si, essa consequência que, talvez, muitos de nós ainda tentem evitar: a responsabilidade.

Não a evites!

Avança por este ano avançando para dentro de ti.

A cada passo que deres, vai-te conhecendo ao ponto de descobrires o que faz o teu coração vibrar. É nessa vibração que te conectas com o Caminho do Amor. Aproveita essa energia e estabelece as tuas intenções, os teus desejos… os teus objetivos.

Faz as tuas escolhas mas, lembra-te que a Vida acontece.

E quando ela acontecer de um modo que contrarie o resultado por ti esperado, pergunta-te, verbalizando as palavras de modo a que te escutes com clareza: “Fizeste o que querias?”

Quando te deparares com o “Sim” a estender-se no interior da tua boca, aproveita cada nano-fragmento desse instante pois, esse é o derradeiro momento do elevado e exímio sabor da liberdade. Aproveita. Usufrui dele sem qualquer pudor de gula.

Abastece-te da presença desse paladar prazeroso e volta a seguir este esquema de passos, tendo sempre presente que a tua liberdade anda de mãos dadas com a tua responsabilidade.

E para que no girar deste círculo possas permitir-te sentir a Vida a fluir, estabelece objetivos, sim… mas com flexibilidade!

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Reparaste que o texto, desta vez, saiu à quarta-feira? Pois é! A Vida continua a acontecer e, por aqui, também se persiste em trabalhar a flexibilidade! 😉

Susana Martinho

Objetivos… mas com Flexibilidade – 2.ª parte

Quando me lancei na criação do blogue considerei que, ao fim de algum tempo, talvez começasse a ser mais fácil escrever. Sendo que, por mais fácil, pretendo dizer que o processo se fosse tornando mais rápido, no sentido de organizar no teclado e no monitor as ideias que pretendo transmitir. Só que, ao contrário daquilo que pressupus, esta coisa da escrita tem sido uma aventura constante, até para mim. Aliás, para mim, em primeiro lugar.

Para vocês terem uma noção, quando comecei, os primeiros dois ou três textos foram escritos no próprio dia em que os publiquei. A partir daí, senti o procedimento a ficar mais complexo e, para conseguir cumprir com o compromisso de publicar um texto por semana – o meu objetivo -, tive de começar a antecipar a escrita. E como tenho publicado os textos à terça, costuma ser à segunda que os começo a escrever.

Na semana passada, como já tinha as ideias alinhavadas na mente, voltei a considerar que a escrita daquele texto poderia ser algo simples. Tanto que até comecei por preparar a imagem e só depois comecei a escrever, pensando que já sabia a estrutura que iria seguir. Comecei também com a devida antecedência, na segunda-feira, enquanto tinha a televisão ligada no nível de volume sonoro do: “é só para ter um som de fundo”.

E estava já algures pelo meio do texto quando aquele volume se tornou bastante audível, mesmo sem eu tocar no respectivo botão do comando. Que é o mesmo que dizer que, no programa que estava a decorrer, surgiu alguém a falar, precisamente, do tema sobre o qual eu estava a escrever.

Parei para escutar com atenção. Novos insights surgiram à medida que ouvia o senhor a falar e, por consequência, o texto já não pôde continuar a seguir a estrutura que lhe tinha pré-estabelecido. De tal forma que, a imagem que estava preparada, também já não lhe fazia a devida correspondência e deparei-me a levar as palavras para um ponto – liberdade/responsabilidade – que nem tinha imaginado que pudesse surgir para a temática “resoluções e objetivos”. E embora este ponto tenha acabado por se tornar no seu final, não foi nesse exato momento que terminei o texto.

Após me ter surpreendido com a direção encaminhada, continuei a desenvolvê-lo. Alguns parágrafos mais à frente, acabei por perceber que se estava a tornar demasiado extenso, o que iria dificultar não só que o publicasse dentro do prazo, mas também a vossa leitura. Por isso, resolvi voltar umas linhas atrás e o ponto que eu nem tinha considerado que pudesse surgir, acabou por se converter na transição para poder rematar o texto, ao mesmo tempo que me possibilitava a abertura para a sua continuidade.

Nestas circunstâncias, vislumbrei ainda uma vantagem: já tinha alguns parágrafos adiantados para o texto desta semana e isso tornaria tudo mais fácil – julguei eu… mais uma vez…

Com a intenção de agilizar todo este processo, também pensei em começar a escrever com maior antecedência.

Pois…

Do pensar ao fazer, por vezes, vai uma enorme distância!

Afinal, eu tinha uns planos mas, o meu computador (ou a Vida) tinha outros!

Logo após a publicação do texto da semana passada, ele começou a mostrar um problema de resolução no monitor, que me dificultava bastante trabalhar nele. Pesquisei sobre formas de tentar resolver e tentei algumas sugestões que encontrei, só que nenhuma resultou. Como tal, restava-me formatar o computador e, pelas minhas experiências anteriores, para salvar os dados de modo a poder recuperá-los, bastava guardá-los na repartição D. Tive o cuidado de guardar alguns documentos na “nuvem”, contudo, os mais relevantes, por terem maior quantidade de dados, guardei na bendita repartição.

A formatação correu bem. O problema da resolução ficou resolvido… e a vida realmente aconteceu! Ou seja, a formatação correu tão bem, que nem os dados guardados na repartição D por lá se mantiveram. Foi tudo ao ar… (na altura não foi bem isso que disse mas, vocês entendem-me!)

Não vou negar que o sentimento de prejuízo fez questão de assinalar a sua presença. Houve informação que tinha como muito importante que foi perdida, incluindo os textos do blogue e o tal texto que eu já tinha começado a escrever lá em 2013, e que, para mim, se constituía como um dos principais alicerces para o tal livro que sempre achei que iria escrever. Para além disso, o objetivo que eu tinha para começar a agilizar o processo de escrita ficou encalacrado e o tempo despendido de volta do computador, sem estar a produzir, também foi bastante considerável.

Foi realmente angustiante, contudo, estou a escolher olhar para a situação como uma oportunidade de renovação. Se os seres humanos precisam de meditação para limpar as energias dos seus átomos, os computadores precisam de formatação. 🙂 Simples assim!

Estou em crer que é o Universo a direcionar-me para algo que talvez precise de espaço para se manifestar.

E embora não esteja a cumprir com o objetivo de dar continuidade ao texto anterior, da forma como tinha pré-estabelecido, o certo é que o desabafo que aqui deixo, após a ocorrência destes eventos, está em tudo relacionado com o tema em questão: objetivos… mas com flexibilidade!

E é por isso que aqui me encontro a cumprir com o compromisso de escrever um texto por semana, ao mesmo tempo que faço por adaptar o seu conteúdo às circunstâncias que se ergueram.

Apenas porque a Vida também acontece e precisa de espaço para se mover, trabalhemos a nossa flexibilidade mental. Onde há rigidez não há espaço para o movimento. A energia estagna, bloqueia e surgem pontos de tensão e conflito. Portanto, se queremos entrar no fluir da Vida, no seu movimento natural, foquemo-nos nos nossos objetivos… flexíveis!

Nesta situação que acabei por partilhar convosco, creio que consegui focar-me com com alguma leveza e flexibilidade nos objetivos que tinha definido. E tu, entre a flexibilidade e a rigidez, que postura estás a assumir perante os teus objetivos?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Objetivos… mas com Flexibilidade – 1.ª parte

Antes de mais, aproveito para vos dar as boas-vindas a 2018, dentro deste espaço que também é vosso. A todos os que o partilham comigo, cá estamos recém-chegados, a um Ano recém-nascido, ainda no fulgor do estabelecimento de metas e objetivos nos quais, muitos de nós, incutem a carga da esperança de “desta vez é que é”, como se fosse neste novo ano que, finalmente, nos dotássemos da coragem para cumprir com aquela(s) meta(s) que, a cada virar de ano, colocamos na lista de resoluções e que, no final de todos eles, percebemos que contribuímos apenas para o prolongar da continuidade de um sentimento de irresolução.

É com esta extrema facilidade que formamos o círculo vicioso em que a nossa maior resolução de ano novo é elaborar, constantemente, uma irresolução…

Durante alguns anos fiz por me manter a girar nesse círculo. No momento da contagem decrescente, pensar quais eram as intenções que queria concretizar na minha vida era algo que tinha como importante. Algo que eu considerava que poderia realmente estabelecer-se como uma mudança, num futuro que, à medida que os números diminuíam, ficava cada vez mais próximo.

Só que, sem me aperceber, o que realmente acontecia era o seguinte: o estabelecimento das minhas intenções, o conectar-me com elas, durava somente a fração de tempo que decorria entre o brindar, o subir ou não a uma cadeira, segurando uma nota na mão, enquanto comia as 12 passas como se, algures no percurso do processo elaborado pelo sistema digestivo, o associar de cada desejo a uma passa, lhe conferisse maior poder de concretização.

Não sei quanto a vocês mas, após esta descrição, só me ocorre dizer: dahhh! 😀

Exposto assim, fica quase inevitável a sensação de descrença perante a credibilidade que atribuíamos a tais rituais. Mas, como estávamos inseridos num meio em que nos transmitiam a ideia da máxima importância do estabelecimento de objetivos – que, por sinal, já estavam pré-estabelecidos por outros -, sem que nos indicassem estratégias para os podermos levar a cabo, creio que, para muitos de nós, mesmo que nas duas primeiras semanas do ano os tentássemos cumprir, o momento daquela ritualização, elaborado com especial afinco, enquanto soavam as 12 badaladas, constituía-se como o ponto mais alto do nosso contributo para a realização de cada um deles.

Como há já algum tempo que é notório um movimento crescente na mudança deste paradigma, e acredito que ele se irá propagar, fiz questão de escrever o parágrafo anterior no passado.

É claro que a definição de objetivos é importante. E essa importância está na iminência de ser ampliada porque, bem vistas as coisas, as resoluções que costumamos formar são tão vagas, que dificilmente se constituem como objetivos.

Ou seja, embora tenhamos passado a maior parte da nossa vida a tratá-los como princípios idênticos, resoluções e objetivos são elementos distintos.

E apesar do aparente tempo perdido, no emaranhamento causado pela ilusória semelhança entre os dois, a nosso favor joga o facto de estarmos cada vez mais rodeados de técnicas, que nos permitem agilizar as ferramentas que dispomos, para podermos definir e atingir aquilo que realmente nos pode auxiliar no impulso que pretendemos estimular nas nossas vidas: objetivos.

Afinal, responder à pergunta: “O que posso fazer hoje/esta semana/ este mês/ano, para me sentir mais feliz?” e registar, com papel e caneta, o que sinto que faz o meu coração vibrar, difere largamente de pensar “Quero ser feliz”, enquanto procedo à ingestão de mais uma passa. Se gostarmos muito de passas, a sensação de felicidade até poderá ser aumentada enquanto ela se passeia pelas nossas papilas gustativas, mas trata-se de um impacto de pavio muito curto. É tão breve quanto a estadia do pensamento “Quero ser feliz” na nossa mente.

E é esta a principal diferença entre resoluções e objetivos. As primeiras resumem-se a ideias vagas, que cruzam a nossa mente por breves instantes, sendo rapidamente abalroadas pela agitação de tantos pensamentos que fervilham a cada instante. Os objetivos, por sua vez, implicam que formemos perguntas.

E porque é que perguntar é tão importante?

Porque, na busca da resposta, o que vamos realmente procurar são as nossas chaves, as nossas ferramentas, aquilo que temos em nós e que nos possibilita proximidade com o que queremos obter: os nossos super-poderes!

E porque é que registar essas respostas é importante?

Porque, para além de todos os benefícios inerentes à atividade da escrita manual (aumentar a plasticidade do cérebro, melhorar a atenção, a memória, estimular a criatividade…), ao exercê-la no âmbito de um processo de autoconhecimento, favorecemos que se estabeleça conexão, visto que formamos ondas eletromagnéticas (eletro – cérebro/pensamento; magnéticas – coração/sentimento), o que potencia que, de algum modo, comecemos a materializar e a dar forma àquilo pretendemos obter.

Outro elemento que considero crescente na sociedade é o facto de, atualmente, nos ser possibilitada maior liberdade de escolha. Ou melhor, a liberdade de escolha de cada um, em relação aos objetivos que quer concretizar na sua vida, é – e muito bem -, cada vez mais respeitada. Só que a esta circunstância subjaz a responsabilidade individual. A responsabilidade de cada um, apesar de inserido num todo. Teres a liberdade para escolher o que queres, implica que tenhas responsabilidade por aquilo que colocas a circular no mundo.

E como acabei de perceber que o texto acabará por ser mais extenso do que aquilo tinha pensado, lá vou optar por reparti-lo, aproveitando este momento para fazer o remate desta parte. Sendo assim, e como por aqui se pretende fomentar a Coragem que nos coloca no Caminho do Amor, ainda no embalo da oportunidade da energia da renovação, deixo-te com esta pergunta:

Achas que estás preparado para assumir a responsabilidade da liberdade das tuas escolhas?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

É preciso coragem para escolher o Amor sobre o medo… – 5.ª parte

Desta vez, ao colocar-me em posição para dar mais um passinho neste meu compromisso, o primeiro pensamento que me ocorreu foi: “Será que quem está a ler, está a responder, mesmo que apenas internamente, às questões que por aqui vão surgindo?”; “Será que alguém está a identificar, pontos do seu percurso, onde tenha escolhido o caminho do medo?”; “Será que quem o fez deu o passo seguinte e identificou algo que tenha aprendido?” e “Será que houve alguém que se tenha aventurado a dar o passo gigantesco, que é sentir gratidão, pelas aprendizagens/oportunidades que surgiram no decorrer desses eventos?”. Adoraria ter testemunhos de quem está desse lado!

Se tu conquistaste este passo de conseguir sentir gratidão, antes de mais, deixa-me dar-te os parabéns. É realmente um avanço incrível e do qual és completamente merecedor. Permite-te ficar feliz pela coragem que conseguiste criar para chegar até aqui. Parabéns. Mereces!

E aproveitando o embalo dessa vibração de maior leveza, venho convidar-te a ir um pouquinho mais além. Hoje, o convite é para que afirmes que estás pronto a curar esses desvios que foste fazendo para o caminho do medo, e para que assumas o compromisso, perante ti mesmo, de escolher, daqui em diante, o Caminho do Amor.

À primeira vista pode não parecer mas, o passo que te convido a dar hoje, equivale a um salto quântico. Na sua aparente curta distância, desde o ponto de partida ao ponto de chegada, está incluído um espectro de imensas possibilidades.

E como não vos estou a convidar para fazer algo que eu já não tenha feito, eis-me chegada ao momento em que continuo a partilhar convosco a minha experiência na forma como dei estes passos.

Para mim… foi… um choque! Um embate frontal com todas as crenças com que tinha aprendido a viver até então. Ao deparar-me com a possibilidade de curar esses desvios, que foram constantes, percebi também que eles foram a constante na minha vida. No fundo, tinha sido assim que tinha aprendido a viver e era assim que eu sabia fazê-lo. Percebi que a minha zona de conforto era o desconforto, o medo e, por vezes, o pânico e a vontade de fugir. Nunca tinha pensado que isso pudesse ser possível. Afinal, chamam-lhe zona de conforto, ora! Isso remetia-me para um espaço onde eu me sentisse bem. Onde, de algum modo, eu estivesse confortável em ser… eu.

E percebi que aquela era a minha zona de conforto, não porque me sentisse bem, não porque me fosse confortável, mas apenas porque era o que eu sabia fazer melhor. Acreditem, em algumas situações tenho sido mesmo muito boa – quase uma profissional -, em fugir após entrar em pânico. De algum modo, eu estava apegada aos medos que fui escolhendo.

Por outro lado, a partir daquele momento, a perceção de que nos passos vindouros a escolha do caminho a seguir era, inteiramente, da minha responsabilidade, adquiriu uma clareza quase cristalina. Extinguia-se ali qualquer tentativa de argumentar que tinha havido influência de outras pessoas numa opção que, ao fim ao cabo, foi sempre por mim tomada.

No meu caso particular, isto constituiu-se logo como algo do meu agrado, pois, há já algum tempo que adquiri a consciência de que, ao tomar a responsabilidade dos meus atos para mim, estou também a empoderar a minha liberdade. Se, pelo contrário, pretender colocar a responsabilidade do que faço e escolho nas mãos dos outros, estou a prescindir da minha liberdade para o outro. Sendo que, quem sabe, este é um tema a ser tratado num próximo texto…

Por agora, voltando ao momento do embate, aquilo que considero como o meu ponto de colisão, sucedeu quando percebi que todas aquelas situações justificavam a barreira, o tal muro, que fui construindo à minha volta ao longo dos anos. Mais do que um muro, é uma torre. Semelhante àquela onde mantiveram a Rapunzel enclausurada. Cilíndrica, com telhado e tudo, só que sem janela lá no topo – e nem eu tenho tão longos, loiros e compridos cabelos 🙂 .

E esta torre detém ainda outra particularidade que a torna, à primeira vista, um lugar bastante aconchegante e aprazível para se estar: os tijolos que a compõem são completamente translúcidos. Parece que permitem descortinar o mundo lá fora. Quase como se tivessem sido aqui colocados apenas para me defender do mundo exterior. Para não o deixar chegar até mim de forma mais constrangida, conferindo-me a ideia de que a interação com esse mundo é perfeitamente concreta… Pelo menos, nesse meu nível de consciência até então, assim era.

Foi só quando dei o passo em frente, na direção de firmar a minha vontade/compromisso de me curar daquelas escolhas feitas, que colidi, fiquei com mossa e percebi que, afinal, cada um dos blocos que se alinhava naquele redondo vertical, era bem maciço, compacto e sólido.

Ou seja, cada situação que me serviu de justificação para ter feito o desvio para o caminho do medo é um desses blocos. A manutenção de cada um deles é legitimada pela necessidade de manter, não só certas situações, mas também algumas pessoas, à distância. E tudo isto pode ser realmente muito eficaz na sua função de preservar o mundo lá fora, mas também me impede de chegar a ele com maior plenitude. Porém, era dentro desta torre que eu sabia viver. Este pequeno e ínfimo espaço, delimitado por ela, era a minha realidade. Creio que me é permitido dizer que: é a realidade de muitos de nós.

E o facto de eu querer declarar que estava disponível, para me curar dos desvios que fiz para o caminho do medo, implicava que esta torre começasse a desmoronar…

E foi aqui que surgiu a evidência do óbvio, que não o era até então.

Dentro daquela torre, a única ferramenta que estava ao alcance das minhas mãos, para poder derrubar aqueles blocos, um por um, era… perdoar! Perdoar todas as situações, todos os eventos, todas as mágoas por eles despertadas, todos os intervenientes… Só que, como ninguém me obrigou a fazer essas escolhas, como elas são pessoais e intransmissíveis, havia apenas UMA pessoa a perdoar…

Nesse instante, foi fulminante a forma como, quase ao mesmo tempo que se formou, a pergunta se difundiu por todo o meu ser: conseguirei perdoar-me?!

E tu, achas que consegues perdoar-te?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho