Onde queres chegar

Desta vez começo o texto lançando, desde já e sem delongas, uma questão à qual gostaria que respondesses:

Neste momento, de entre tudo aquilo que enumeras como algo que queres ser ou obter na tua vida, consegues identificar algum aspeto que não tenha como principal finalidade a obtenção do teu bem-estar?

E antes de avançares na leitura, e mesmo que seja só para com os teus botões, tenta realmente responder.

Pela minha parte, antes de prosseguir, tenho de confessar que nas ideias iniciais que me foram surgindo para o arranque deste texto, o que me ocorreu foi estabelecer, logo à partida, uma proposição afirmativa que muito prontamente vinculasse a ideia. Porém, no intervalo de tempo que decorreu até começar o processo efetivo da sua escrita, surgiu-me a ideia de que seria bem mais divertido se estivesses desse lado, juntamente comigo, a tentar descobrir qualquer coisa, uma que seja, que possa ser uma exceção a esta possível regra…

E então, conta-me: até agora, descobriste alguma?

Eu, mesmo com algum tempo de ponderação sobre esta questão, e confessando-me pela segunda vez neste texto, reconheço que ainda não descobri nenhuma. Zero. Zerinho. E quase que apostava que tu também não vais descobrir. Poderás, contudo, estar a debater-te com os vários níveis da facilidade com que te é possível, ou não, reconhecê-lo. Algo que, aliás, é perfeitamente normal que aconteça, tendo em conta que esta é uma questão que abre o leque a muitas outras questões, com as quais quase de certeza todos nós já nos deparámos, e que nos foram incutidas, como bases de sustentação imprescindíveis, para que nos pudéssemos tornar naquilo que seria considerado socialmente mais conveniente. De entre todas essas questões, aquelas que talvez tenham mais impacto, e que eu também considero como mais relevantes para este conteúdo, são todas as que dizem respeito ao tema do “egoísmo”. Palavra que, por si só, desperta as mais variadas interpretações, julgamentos e emoções. Uma palavra perante a qual, definitivamente, ninguém fica indiferente.

Não tenho como avaliar se, na generalidade, a tendência atual é ponderar o egoísmo como algo negativo ou positivo mas, creio que todos nós conseguimos identificar situações onde existe uma maior probabilidade de os nossos comportamentos serem considerados como aceitáveis, e até dignos de mais e melhor valor, se afirmarmos que o motor das nossas ações reside no bem-estar do outro. E para quem acredita que realmente assim seja, vale mesmo a pena perguntar: o que é que tu desejas sentir com a constatação do bem-estar do outro?

Para quem se habituou a pensar desta forma, poderá ser um pouco desafiante reconhecer que o bem-estar do outro só me é importante, precisamente porque me sinto bem se o outro estiver bem… Portanto, seja qual for o caminho, é sempre a chegada ao meu bem-estar aquilo que realmente importa.

Seja qual for o caminho, chegar ao teu bem-estar é o destino.

Todavia, ao longo dos tempos, a ideia de se fazer pelo outro, sem privilegiar o próprio bem-estar, foi fortemente inculcada. De tal modo que, nestes tempos mais recentes, são muitas as pessoas que sentem um certo repúdio perante qualquer sugestão que lhes lembre que, seguir o seu próprio bem-estar, é seguir em direção à solução. Sim, mesmo tratando-se daquilo que se considera um problema a nível mundial.

Engraçado… Estou a dar por mim a reparar que andei uns bons meses a conter um pouco a escrita destes conteúdos, uma vez que não pretendia inspirar ainda maior reatividade por parte de quem já estava demasiado focado no problema. Porém, quanto mais vou escrevendo, refletindo e sentindo, mais perceciono que este momento da nossa história é, literalmente, o melhor e mais atual exemplo, do mundo, para que se possa dar ênfase ao conhecimento que reside em cada um.

Também dou por mim a ponderar que a implementação da ideia de que devemos fazer o que fazemos pelo bem-estar do outro, sem dar prioridade ao nosso próprio bem-estar, não terá, com certeza, surgido por acaso… Tratou-se até de uma estratégia muito bem delineada, reconheço. E foi de tal forma perpetuada ao longo do tempo, que creio que nunca, como agora, me foi tão notório o quanto ela está estabelecida na sociedade.

Contudo, neste preciso instante, e apesar de muito redundante, é inevitável que me fique aqui a pairar a questão: será que quem determinou que o seu bem-estar dependia do bem-estar do outro estava numa zona de bem-estar? O que te parece?

Pela (re)conexão com o Amor que És, com leveza.

Susana Martinho

Vamos semear sonhos? – 2.ª parte

Se o Amor-Próprio é a seiva dos nossos sonhos, inevitavelmente, começo este texto questionando-te e questionando-me: como está o teu Amor-Próprio?

No que a ti diz respeito, só tu poderás saber mas, espero que consigas gerar a Coragem necessária para que te respondas com sinceridade.

Quanto a mim, se por aqui me acompanhas há algum tempo, talvez te lembres que já por diversas vezes reconheci que, ao longo da minha vida me movi, maioritariamente, pelo caminho do medo. Portanto, fica óbvio que o Amor que eu nutria por mim era praticamente inexistente.

Afinal, se fazemos as nossas escolhas dentro do caminho do medo, é porque não conseguimos nutrir Amor-Próprio suficiente, para gerar a Coragem necessária para fazermos as nossas escolhas dentro do Caminho do Amor.

Contudo, uma das maiores evidências – até para mim mesma – de que estou a mudar a minha forma de escolher, é a existência deste blogue e o facto de eu estar aqui presente, todas as semanas, a partilhar convosco os passos que vou dando nesta minha jornada.

E, se tal como eu, te encontras numa situação em que sentes que tens de reestabelecer a conexão com o teu Amor-Próprio, então, em nome do quê o perdeste em primeiro lugar? Em nome do quê o deixaste ir?

Sim, porque foste tu quem escolheu deixar ir o teu. Fui eu quem escolheu deixar ir o meu.

Lembras-te que nascemos na vibração do Amor?

Embora seja possível que, à primeira vista, tudo pareça consequência de um acaso fortuito, o certo é que, tudo o que existe no Universo é decorrente de um momento de criação onde nada foi deixado ao acaso. Nós vivemos rodeados por sonhos manifestados e, como seres resultantes dessa Fonte de Abundância de onde tudo emergiu, cada um de nós é também um sonho manifestado.

Cada um de nós é um sonho que brotou dessa vibração do Amor, que se propagou e continua em estado de expansão. É atendendo a este facto que me atrevo a afirmar que nascemos repletos de Amor-Próprio.

No momento do seu nascimento, um bebé não se queixa com falta de amor-próprio, nem se sente menos merecedor daquilo que realmente merece. Antes pelo contrário. Um bebé reúne em si os meios necessários para chamar a atenção dos seus progenitores, de modo a que as necessidades fundamentais para a sua subsistência e bem-estar sejam respondidas. Ele sabe que precisa de ajuda e que merece recebê-la. E sente-se merecedor precisamente porque está no Caminho do Amor.

De algum modo, o bebé sente quando tem uma necessidade que precisa de ser atendida. E é por saber que merece ajuda para a resolver, que ele recorre aos mecanismos que lhe são disponíveis para chamar a atenção dos pais. Normalmente fá-lo através do choro. E caso este seja ignorado com alguma frequência, e se trate de um bebé mais passivo, até pode ser logo nos seus primeiros dias de existência que o primeiro desvio para o caminho do medo é concretizado. Afinal, se o seu choro, que abrange uma necessidade, vai sendo ignorado, o próprio bebé também se sente ignorado. A partir daí, chorar não vale a pena, simplesmente porque ele próprio também não vale a pena. E, ainda bebé, aquele Ser escolheu: um pouquinho menos de Amor-Próprio…

Eu não me lembro de qual foi o momento em que efetuei o meu primeiro desvio do Caminho do Amor para o caminho do medo. Mas, como já partilhei convosco por aqui, aquele que consigo identificar como um dos primeiros momentos, aconteceu ainda em tenra idade.

E embora não consiga recordar qual foi o momento exato em que escolhi, pela primeira vez, suprimir ou reprimir uma experiência que vivi, atualmente, tenho plena consciência de que, nesse instante, escolhi também, em simultâneo e de forma inconsciente, suprimir ou reprimir uma parte de mim. E foi aí que comecei a amar-me… um bocadinho menos…

É inevitável. De cada vez que tentamos camuflar uma parte de nós, também escolhemos amarmo-nos um pouquinho menos.

E mais uma vez importa lembrar que se trata de uma escolha pessoal e intransmissível, que tantas vezes tomamos ao longo da nossa vida.

Portanto, perante a pergunta “Em nome do quê deixei ir o meu Amor-Próprio?”, aquilo que eu respondo é: em nome dos medos. Uma lista bem extensa deles. Uma lista que começou a ser elaborada desde a primeira vez em que escolhi dar o passo que me colocou no caminho do medo.

Só que a Vida é sábia. E na sua sabedoria ela vai-nos devolvendo a imagem das escolhas que fazemos.

E nós sentimos.

Nós sentimos as perdas, as lutas, as angústias e as tristezas. Nós sentimos os esforços vãos. Nós sentimos as frustrações e as estagnações. Nós sentimos as mágoas que se infiltram até à alma… E é em todos esses sentimentos que sentimos que nos desconectámos de algo. Que algures pelo caminho nos perdemos de nós.

E tal como o bebé chora quando sente que precisa de ajuda para resolver uma necessidade que é fulcral para a sua sobrevivência e bem-estar, assim o sentimento de perda e de desconexão te convida a sentires o pulsar da força que tudo une e tudo conecta: o Amor!

Tudo isto é o mesmo que dizer que, na sua sabedoria, a Vida convida-nos a escolher de modo diferente. A escolher o Caminho que brota da Fonte. A escolher o Caminho do Amor.

E, de cada vez que o escolhes, estás a amar-te um pouquinho mais

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

Fonte de inspiração: https://maeguru.wordpress.com/category/nao-deixe-seu-bebe-chorando/

Vamos semear Sonhos? – 1.ª parte

Se uma árvore, para quem a observa e consegue sentir a alegria que remanesce dessa contemplação, pode ser um sonho, então, já reparaste na importância que pode ter uma simples semente no processo de manifestação desse mesmo sonho?

No caso das árvores, e das plantas em geral, ao contrário do que sucede com outros espécimes da Natureza, elas estão mais limitadas em relação à procura de condições favoráveis para o seu crescimento e desenvolvimento. Assim, no decorrer do seu processo evolutivo, elas foram desenvolvendo vários mecanismos para se dispersarem e distribuírem pelo mundo através de sementes.

E apesar de, em tamanho, uma semente poder ser minúscula quando comparada com a plenitude da árvore que dela resultar, a sua importância é extremamente vital em todo o processo da manifestação do sonho que é a árvore. É no seu interior que habita toda a informação necessária para que essa árvore se possa formar em todo o seu esplendor.

E num planeta habitado, para além de inúmeras árvores e plantas, por bem mais de 7 mil milhões de pessoas, sendo, cada uma delas, uma essência singular no mundo – um único sonho manifestado – é natural que cada um de nós traga em si os seus próprios sonhos para realizar. As suas próprias sementes para semear.

As nossas sementes são os nossos desejos. E todos os desejos que conseguimos pensar contêm em si todo o potencial e informação necessários para que os consigamos manifestar. Porém, assim como as sementes das plantas precisam de chegar a uma região onde estejam reunidas as condições ideais e favoráveis à sua germinação e crescimento, as sementes dos nossos sonhos também necessitam de condições propícias à sua manifestação.

As condições que somente cada um de nós, através das escolhas que faz a cada instante, pode proporcionar. E como cada escolha que faço me coloca num de dois caminhos – medo ou Amor -, e como as nossas escolhas são pessoais e intransmissíveis, sou eu quem escolhe o terreno, o solo, para acolher as sementes dos meus desejos. És tu quem escolhe o teu.

Portanto, onde é que queres semear os teus sonhos?

Dos dois caminhos entre os quais vamos caminhando pela Vida, apenas um tem um solo fértil em Abundância. Há apenas um caminho onde, aconteça o que acontecer, tudo o que brota no seu terreno dá certo. Tudo flui. Um caminho onde tudo o que ocorre serve um bem maior, embora nós, devido ao facto de estarmos turvados pela identificação com os nossos medos e resistências, tenhamos imensa dificuldade em reconhecê-lo. Dificuldade essa que surge quando nos estamos a mover pelo caminho do medo, onde também semeamos sonhos, sem repararmos que o solo onde deitamos as nossas sementes é árido, compacto e denso, o que impede o oxigénio de circular para que possa ser absorvido pelas sementes.

Quando seguimos pelo caminho do medo, é apenas com medos que podemos regar as sementes dos nossos sonhos. Mesmo assim, admiramo-nos quando eles germinam mirrados e ressequidos, e pensamos que não foi nada daquilo que semeámos… e que realmente sonhámos.

Contudo, se é no terreno da escassez do caminho do medo que semeias os teus sonhos, lembra-te que o super-poder de escolha é teu! E que o Caminho do Amor, apesar de lhe ser oposto, segue paralelo ao caminho do medo. Portanto, se consegues escolher estar num, também consegues escolher estar no outro.

Neste ponto, sou remetida para esta imagem que já coloquei noutro texto:

Caminho do Meio

E que creio que nos ajuda a perceber que é realmente fácil transitarmos de um caminho para o outro. Basta que mudemos a nossa perceção. A maneira como nos focamos, interpretamos e sentimos nas diversas situações.

Portanto, é fundamental que te acolhas! Que te sintas. Que te permitas Ser.

Sente-te. Aceita quem És. Sê quem és no mundo. Sem julgamentos. Sem culpas. Sem sequer estares preocupado com a eventual duração desse sentimento. Neste momento, não importa se o consegues fazer por muito ou pouco tempo. Se é um sentimento que vai permanecer contigo ou não.

Agora – no Agora – importa apenas que sintas.

Sente! Mais e mais. Vibra pela alegria de te permitires Ser.

Tu tens uma fábrica de emoções dentro do teu peito. Deixa que ela produza essa emoção até que ela se espalhe por todo o teu Ser. E é neste instante em que dás o salto para o Caminho do Amor, que estás também repleto dos nutrientes necessários para o plantio dos teus sonhos.

Ao nutrires Amor por TI, automaticamente, forneces os nutrientes essenciais para que as sementes dos teus sonhos, os teus desejos, possam germinar.

Por isso, quando estiveres na berma desse terreno fértil, nutre o Amor por Ti. Respira profundamente. Coloca uma mão no peito e sente o pulsar do teu coração. E quando o sentires, diz a ti mesmo, verbalizando as palavras de maneira a que a vibração da sua energia se espalhe por ti e à tua volta: Eu gosto de ti!

Acolhe tudo o que sentires no momento em que verbalizares estas palavras. E mesmo que seja apenas por uma mera fração de segundos, permite-te gostar de ti. Sê gentil contigo.

E agora sim, semeia. Semeia os teus sonhos e nutre-os com esse sentimento.

O teu Amor-Próprio é a seiva dos teus Sonhos!

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

É preciso coragem para escolher o Amor sobre o medo… – 5.ª parte

Desta vez, ao colocar-me em posição para dar mais um passinho neste meu compromisso, o primeiro pensamento que me ocorreu foi: “Será que quem está a ler, está a responder, mesmo que apenas internamente, às questões que por aqui vão surgindo?”; “Será que alguém está a identificar, pontos do seu percurso, onde tenha escolhido o caminho do medo?”; “Será que quem o fez deu o passo seguinte e identificou algo que tenha aprendido?” e “Será que houve alguém que se tenha aventurado a dar o passo gigantesco, que é sentir gratidão, pelas aprendizagens/oportunidades que surgiram no decorrer desses eventos?”. Adoraria ter testemunhos de quem está desse lado!

Se tu conquistaste este passo de conseguir sentir gratidão, antes de mais, deixa-me dar-te os parabéns. É realmente um avanço incrível e do qual és completamente merecedor. Permite-te ficar feliz pela coragem que conseguiste criar para chegar até aqui. Parabéns. Mereces!

E aproveitando o embalo dessa vibração de maior leveza, venho convidar-te a ir um pouquinho mais além. Hoje, o convite é para que afirmes que estás pronto a curar esses desvios que foste fazendo para o caminho do medo, e para que assumas o compromisso, perante ti mesmo, de escolher, daqui em diante, o Caminho do Amor.

À primeira vista pode não parecer mas, o passo que te convido a dar hoje, equivale a um salto quântico. Na sua aparente curta distância, desde o ponto de partida ao ponto de chegada, está incluído um espectro de imensas possibilidades.

E como não vos estou a convidar para fazer algo que eu já não tenha feito, eis-me chegada ao momento em que continuo a partilhar convosco a minha experiência na forma como dei estes passos.

Para mim… foi… um choque! Um embate frontal com todas as crenças com que tinha aprendido a viver até então. Ao deparar-me com a possibilidade de curar esses desvios, que foram constantes, percebi também que eles foram a constante na minha vida. No fundo, tinha sido assim que tinha aprendido a viver e era assim que eu sabia fazê-lo. Percebi que a minha zona de conforto era o desconforto, o medo e, por vezes, o pânico e a vontade de fugir. Nunca tinha pensado que isso pudesse ser possível. Afinal, chamam-lhe zona de conforto, ora! Isso remetia-me para um espaço onde eu me sentisse bem. Onde, de algum modo, eu estivesse confortável em ser… eu.

E percebi que aquela era a minha zona de conforto, não porque me sentisse bem, não porque me fosse confortável, mas apenas porque era o que eu sabia fazer melhor. Acreditem, em algumas situações tenho sido mesmo muito boa – quase uma profissional -, em fugir após entrar em pânico. De algum modo, eu estava apegada aos medos que fui escolhendo.

Por outro lado, a partir daquele momento, a perceção de que nos passos vindouros a escolha do caminho a seguir era, inteiramente, da minha responsabilidade, adquiriu uma clareza quase cristalina. Extinguia-se ali qualquer tentativa de argumentar que tinha havido influência de outras pessoas numa opção que, ao fim ao cabo, foi sempre por mim tomada.

No meu caso particular, isto constituiu-se logo como algo do meu agrado, pois, há já algum tempo que adquiri a consciência de que, ao tomar a responsabilidade dos meus atos para mim, estou também a empoderar a minha liberdade. Se, pelo contrário, pretender colocar a responsabilidade do que faço e escolho nas mãos dos outros, estou a prescindir da minha liberdade para o outro. Sendo que, quem sabe, este é um tema a ser tratado num próximo texto…

Por agora, voltando ao momento do embate, aquilo que considero como o meu ponto de colisão, sucedeu quando percebi que todas aquelas situações justificavam a barreira, o tal muro, que fui construindo à minha volta ao longo dos anos. Mais do que um muro, é uma torre. Semelhante àquela onde mantiveram a Rapunzel enclausurada. Cilíndrica, com telhado e tudo, só que sem janela lá no topo – e nem eu tenho tão longos, loiros e compridos cabelos 🙂 .

E esta torre detém ainda outra particularidade que a torna, à primeira vista, um lugar bastante aconchegante e aprazível para se estar: os tijolos que a compõem são completamente translúcidos. Parece que permitem descortinar o mundo lá fora. Quase como se tivessem sido aqui colocados apenas para me defender do mundo exterior. Para não o deixar chegar até mim de forma mais constrangida, conferindo-me a ideia de que a interação com esse mundo é perfeitamente concreta… Pelo menos, nesse meu nível de consciência até então, assim era.

Foi só quando dei o passo em frente, na direção de firmar a minha vontade/compromisso de me curar daquelas escolhas feitas, que colidi, fiquei com mossa e percebi que, afinal, cada um dos blocos que se alinhava naquele redondo vertical, era bem maciço, compacto e sólido.

Ou seja, cada situação que me serviu de justificação para ter feito o desvio para o caminho do medo é um desses blocos. A manutenção de cada um deles é legitimada pela necessidade de manter, não só certas situações, mas também algumas pessoas, à distância. E tudo isto pode ser realmente muito eficaz na sua função de preservar o mundo lá fora, mas também me impede de chegar a ele com maior plenitude. Porém, era dentro desta torre que eu sabia viver. Este pequeno e ínfimo espaço, delimitado por ela, era a minha realidade. Creio que me é permitido dizer que: é a realidade de muitos de nós.

E o facto de eu querer declarar que estava disponível, para me curar dos desvios que fiz para o caminho do medo, implicava que esta torre começasse a desmoronar…

E foi aqui que surgiu a evidência do óbvio, que não o era até então.

Dentro daquela torre, a única ferramenta que estava ao alcance das minhas mãos, para poder derrubar aqueles blocos, um por um, era… perdoar! Perdoar todas as situações, todos os eventos, todas as mágoas por eles despertadas, todos os intervenientes… Só que, como ninguém me obrigou a fazer essas escolhas, como elas são pessoais e intransmissíveis, havia apenas UMA pessoa a perdoar…

Nesse instante, foi fulminante a forma como, quase ao mesmo tempo que se formou, a pergunta se difundiu por todo o meu ser: conseguirei perdoar-me?!

E tu, achas que consegues perdoar-te?

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

É preciso coragem para escolher o Amor sobre o medo… – 4.ª parte

Tenho de confessar que, desta vez, tenho estado aqui, a olhar para o computador, sem saber muito bem por onde hei-de começar, apesar de saber, ou pelo menos de ter uma ideia de, qual será o conteúdo deste texto.

Terminei o anterior fazendo-vos um convite. Um convite para que fizessem uma viagem no tempo. No tempo das vossas vidas e que fossem, no mais longínquo que a memória vos permitisse alcançar, identificar o momento em que escolheram sair da vibração do Amor e entrar no caminho do medo.

E estou, neste momento, a sentir um ligeiro calafrio, que se me contorce na barriga, porque fiz este exercício muito recentemente e fica muito claro para mim que, não poderei avançar, sem que, de algum modo, o exponha aqui e o coloque à mercê de quem se disponibilizar a ler estas palavras.

Como vocês sabem, esta parte da exposição, nesta dimensão pública, ainda me é muito nova. E como alguns tijolos, do muro que ainda persiste, e que levei anos a construir, só agora começam a ir abaixo, torna-se inevitável que, a sensação desconcertante de enfrentar o desconhecido se vá insurgindo, vagarosamente, mas firme na vontade de se reivindicar. E é neste fragmento de tempo que me descubro naquela bifurcação e tenho de fazer a minha escolha: caminho do Amor ou caminho do medo? Por isso, aqui estou eu, consciente do medo que se quer apoderar. Contudo, persisto e avanço na escrita, gerando coragem a cada palavra registada, para escolher o caminho que me conecta com a Fonte. (É mesmo preciso Coragem para escolher o Amor sobre o medo…)

Então, muito recentemente fiz esse tal exercício e identifiquei 4 situações em que me desviei do caminho do Amor, para o caminho do medo. Muitas mais teria para reconhecer, no já considerável percurso da minha vida, mas, como pretendia descortinar as primeiras escolhas que havia feito nesse sentido, todas as identificadas ocorreram durante a infância.

O mais longe que consegui ir, no banco de dados existente na minha memória de imagens, foi até perto dos 6 anos de idade. Creio que não será relevante entrar em pormenores mas, tocando assim ao de leve, cresci num ambiente pontuado, de quando em vez, por violência doméstica. Nas duas vertentes: psicológica/verbal e física. E foi nessa idade que registei, aquilo que tenho como o primeiro momento, que vivenciei dentro dessa experiência. Lembro-me da minha mãe a ser agredida, lembro-me de um lavatório a ser arrancado com as mãos (naquela altura, para mim, aquilo era algo praticamente inconcebível) e lembro-me do medo que pairava no ar. No meu irmão, mais novo do que eu, o medo já ocupava a forma de pânico e lembro-me de o ver, encurralado nesse sentimento, movendo o corpo todo, como que a querer trepar por uma parede, como se dali pudesse surgir uma hipótese de fuga.

Das 4 situações partilho convosco apenas esta. Parece-me suficiente para que se possa perceber que não importa a intensidade ou as circunstâncias do evento ocorrido. Até porque a intensidade é uma medida muito relativa, que vai da escala de valores de cada um – e que a cada um, somente, compete -, e aquilo que considero muito marcante pode ser quase insignificante para outra pessoa, e vice-versa.

O que importa é que, a certa altura do percurso da vida, todos nós nos deparámos com um evento que nos fez desviar do caminho decorrente da nascente.

Mais do que isso, aquilo que realmente importa, e que gostaria que cada um de vocês sentisse, no âmago do vosso ser; aquilo que efetivamente pode determinar, daqui em diante, a vossa vontade de criar CORAGEM para escolher o caminho do Amor, é que, em momento algum, alguém me/te obrigou a escolher desviar-me/desviares-te desse caminho.

Naquela situação, assim como nas outras 3, não houve alguém que me tenha dito, ou sequer sugerido, “A partir de hoje, quando te deparares com uma situação deste género, tens de sentir medo.” Não houve alguém que me tenha influenciado, obrigado, exigido a escolher de outra forma.

Durante muito tempo acreditei e senti que, de algum modo, tinha sido influenciada na tomada de decisão dessa escolha mas, esta crença só surgiu porque, a minha maturidade emocional, ainda não estava capacitada para integrar aquelas situações, de forma harmoniosa, no meu Ser. O certo é que: Eu escolhi. Eu decidi. Eu meti-me por esse caminho dentro… e tanto tenho seguido por ele.

Quanto a ti, seja qual for a situação que tenhas identificado, aposto que ninguém te obrigou a fazê-lo também. Todos somos dotados de livre-arbítrio e isso significa que, mesmo em situações extremas, a escolha por qual dos dois caminhos vamos seguir compete, única e exclusivamente, a cada um de nós. É uma escolha individual. Como referi no texto da semana passada, e talvez agora fique mais claro: é uma escolha pessoal e intransmissível.

À medida que fui descrevendo aquela situação, para partilhar agora convosco, tornou-se até bastante óbvio que todos os envolvidos, sem qualquer ponta de exceção, estavam no caminho do medo. E a primeira pessoa que para lá se desviou foi precisamente aquela que, aparentemente, era a mais dominante. Só alguém que se movimenta completamente por esse caminho pode agir daquela forma… ou de outras que podem, ou não, ser semelhantes.

Voltando ao exercício em que identifiquei situações, nas quais escolhi o caminho do medo em vez do caminho do Amor, o passo que se seguia era reconhecer algo que eu tivesse aprendido com cada uma delas. E, logo depois, manifestar gratidão, também por algo que vivi em cada um desses momentos. Pode parecer tarefa difícil – e foi – mas, acredita, é possível.

Uma das coisas que aprendi foi a não querer exercer certas atitudes sobre outras pessoas e, hoje, enquanto escrevia este texto, para além dos três motivos que já tinha encontrado para agradecer em cada situação, descobri mais um. Hoje sou grata por finalmente ter compreendido que, aquela pessoa que nos agredia, estava a vibrar pelo medo, conectada com a escassez… Dentro das suas células, a sua energia bradava que havia – ou que ele seria – tanto que não lhe era suficiente… E isto ajuda a transformar ainda mais o meu olhar, que adquire uma maior amplitude e serenidade, e me torna mais capaz e consciente das escolhas que quero fazer daqui em diante. Por isso, Obrigada!

E tu, na situação que identificaste como sendo o teu primeiro desvio do caminho do Amor para o caminho do medo, consegues perceber algo que tenhas aprendido com ela?

Depois de o fazeres, lembra-te de agradecer. Mais que não seja, sê grato(a) por isso que aprendeste! A gratidão tudo eleva.

Respira fundo e agradece

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

 

É preciso coragem para escolher o Amor sobre o medo… – 3.ª parte

Para aqueles de vocês que, como eu, só agora tomaram consciência que nasceram na vibração do Amor, talvez importe explorar um pouco mais o que isto significa nos termos práticos em que costumamos orientar as nossas vidas…

Somos todos oriundos dessa Fonte, que originou todo o sistema no qual também estamos inseridos – o esplendoroso Universo. Basta olharmos à nossa volta, para as pequenas particularidades que ocorrem, a cada instante, na Natureza, para percebermos o quanto este sistema é perfeito, inteligente… e abundante.

Já repararam em quanta diversidade e beleza existe na Natureza? Já repararam em como, sem qualquer intervenção humana, tudo está organizado e funciona de acordo com uma lógica, que acolhe e incorpora todos os seres? Já repararam em como nos sentimos quando contactamos com a Natureza, nem que seja num simples contemplar do mar, de uma flor, do céu…?

Tudo está projetado e concebido para a totalidade. Por isso, é inevitável sermos invadidos por uma sensação de união, de conexão, precisamente porque nos conectamos com essa Fonte Criadora que vibra, que É: Amor. E, se apenas ao nível daquilo que a nossa visão consegue divisar, tudo isto é possível, resta-nos sonhar (e podemos fazê-lo), com tudo o que está para lá daquilo que os nossos olhos não abrangem mas que, mesmo assim, é passível de podermos alcançar.

Como é nesta vibração do Amor que nascemos, é no Caminho da Abundância que começamos, desde logo, a desempenhar o nosso plano de vida. Nascemos em união, envoltos em plenitude e fluidez; sem preocupações, sem escala de valores daquilo que nos é ou não importante, sem questões que nos inquietem, sem noção do Eu e também sem noção do que é dor…

Depois vamos crescendo…

De forma muito gradual e em contacto com a peculiaridade do mundo exterior que envolve cada um de nós – é Um Mundo feito de incontáveis mundos – vamos formando a consciência do Eu e vamos construindo o nosso Ego.

Algures pelo percurso, sem agenda estipulada ou aviso prévio, e sem ser num tempo comum que se possa generalizar, fatalmente, vivenciamos uma experiência para a qual ainda não dispúnhamos de maturidade emocional suficiente para a conseguirmos integrar. Esta experiência ocorre, geralmente, durante o período da infância e não será caso único.

Em qualquer momento da nossa vida – infância, adolescência, fase adulta… – iremos cruzar-nos com situações que nos despertam uma sensação de inadaptabilidade e tomaremos uma destas ações: suprimir ou reprimir essas experiências. E é aqui que acontece. É no exato momento em que fazemos esta ESCOLHA – suprimir ou reprimir – que nos desviamos do Caminho do Amor para o caminho do medo.

E sim, por muito inconsciente que seja, é uma Escolha. Mais do que isso, é uma escolha pessoal e intransmissível.

E, como tudo na vida, tem as suas consequências…

Assim que escolhemos entrar no caminho do medo, escolhemos também conectarmo-nos com a escassez. Surge o medo de não sermos suficientes; de que aquilo que fazemos não é suficiente; de que o dinheiro que dispomos não seja suficiente; de que aquilo que alcançámos até então não seja suficiente; de que a felicidade que sentimos, às vezes por meros instantes, não seja suficiente… Enfim, nada é suficiente. E, se nada é suficiente, temos medo até da própria escassez, o que só nos faz vibrar ainda mais por ela.

E é desta forma que, tantos de nós, se não todos, num determinado momento da vida, ficamos emaranhados, infelizes e com uma sensação de estagnação. Parece que a vida se imobiliza diante de nós e, como estamos tão focados e turvados pela vibração do medo, nem nos apercebemos que a vida nos está apenas a devolver o eco daquilo que estamos a emanar.

Quanto a mim, tomar consciência disto tudo, foi o que me fez perceber e assumir – primeiro, perante a minha própria pessoa, depois diante de vocês – que tenho enveredado muito mais pelo caminho do medo, tal como referi no texto da semana passada.

E tu, consegues perceber em qual dos caminhos estás neste momento? Consegues identificar em que altura do percurso, da TUA vida, escolheste fazer o desvio para o caminho do medo? Convido-te a ires à descoberta desse momento. Garanto-te que, descobri-lo, pode ser algo transformador na e para a tua vida.

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza.

Susana Martinho

É preciso coragem para escolher o Amor sobre o medo… – 1.ª parte

Neste meu recente percurso de começar a escrever, sem saber muito bem sobre o quê, estou a tentar estar atenta a eventuais sinais que me possam chegar, nas situações mais corriqueiras do quotidiano.

O post da semana passada, por exemplo, teve inspiração numa frase que li num livro e que me fez sentir logo aquele clique do: “é a partir daqui que vou dar continuidade ao que iniciei”.

Esta semana (estou a fazer por me comprometer a escrever um texto por semana), a inspiração veio-me da alteração da foto de capa do facebook e da mensagem que nela está contida: “It takes courage to choose LOVE over fear… Be courageous.”

Confesso que tenho andado a dar espaço à voz da resistência, pois, para além de ainda me sentir uma novata nesta coisa da escrita acessível a um público, lembrei-me logo de um texto que eu já tinha iniciado há uns anos. E aqui a resistência levantou-se porquê? Porque tudo o que escrevi lá atrás retrata a pessoa, ou pelo menos uma parte dela, que fui. Não é mais quem eu sou, por muito que algumas semelhanças permaneçam no momento atual. Portanto, ir lá atrás e ter de olhar para partes de mim que poderão já não existir – mas que existiram – é quase equivalente a ter de fazer um mergulho interior… a olhar para dentro, o que, como todos sabemos, de forma mais ou menos consciente, é algo que custa sempre muito fazer.

Porém, por muito esforço que possamos investir em não realizar esse mergulho, ou tantos quantos forem necessários – o processo vai ficando mais fácil depois que se efetua o primeiro -, num determinado momento da nossa vida, lá teremos mesmo de avançar para ele. É a própria Vida que nos convida, constantemente, a que o façamos. A nós apenas compete estarmos atentos a esses convites. Numa fase inicial, eles costumam ser subtis, prudentes, delicados… meigos até. Tanto, que a nossa tendência é ignorá-los. Caso o continuemos a fazer, como a Vida é sábia, um dia, ela devolve-nos tudo o que lhe ignorámos e, está-se mesmo a ver, se a ignorámos com força, ela aprumar-se-á em se fazer notar com igual e notável dimensão.

Posto isto, como me lembrava que, na altura, tinha escrito um trecho nesse texto, que data de 2013, sobre o medo, do qual eu estava muito orgulhosa (do género: fui mesmo eu que escrevi isto?! Wow!!!), lá fiz por ter coragem de superar a parte do “muito do que escrevi pode já não me fazer sentido” e fui à procura dele.

Ao realizar uma leitura, algo na diagonal, pude constatar tudo o que tinha pensado antes: há partes com as quais já não me identifico e, aquele tal trecho, continua a deixar-me muito orgulhosa. =)

Acabo também de perceber que, ao contrário do que poderia ter sequer imaginado, este post vai ficar bem mais extenso. Por isso, creio que o vou repartir e esta será a 1.ª parte sobre a temática dessa escolha tão presente na nossa Vida: estar no caminho do medo ou no caminho do Amor.

Hoje, ao escolher ir lá atrás, olhar para o que já fui e acolher essas partes de mim, sem ter dado premissa à resistência para escondê-las, permiti-me escolher o caminho do Amor. E tu, que escolha fizeste hoje que sabes que te colocou nesse caminho?

 

Pela Coragem de escolher o Caminho do Amor, com leveza

Susana Martinho