Desta vez começo o texto lançando, desde já e sem delongas, uma questão à qual gostaria que respondesses:
Neste momento, de entre tudo aquilo que enumeras como algo que queres ser ou obter na tua vida, consegues identificar algum aspeto que não tenha como principal finalidade a obtenção do teu bem-estar?
E antes de avançares na leitura, e mesmo que seja só para com os teus botões, tenta realmente responder.
Pela minha parte, antes de prosseguir, tenho de confessar que nas ideias iniciais que me foram surgindo para o arranque deste texto, o que me ocorreu foi estabelecer, logo à partida, uma proposição afirmativa que muito prontamente vinculasse a ideia. Porém, no intervalo de tempo que decorreu até começar o processo efetivo da sua escrita, surgiu-me a ideia de que seria bem mais divertido se estivesses desse lado, juntamente comigo, a tentar descobrir qualquer coisa, uma que seja, que possa ser uma exceção a esta possível regra…
E então, conta-me: até agora, descobriste alguma?
Eu, mesmo com algum tempo de ponderação sobre esta questão, e confessando-me pela segunda vez neste texto, reconheço que ainda não descobri nenhuma. Zero. Zerinho. E quase que apostava que tu também não vais descobrir. Poderás, contudo, estar a debater-te com os vários níveis da facilidade com que te é possível, ou não, reconhecê-lo. Algo que, aliás, é perfeitamente normal que aconteça, tendo em conta que esta é uma questão que abre o leque a muitas outras questões, com as quais quase de certeza todos nós já nos deparámos, e que nos foram incutidas, como bases de sustentação imprescindíveis, para que nos pudéssemos tornar naquilo que seria considerado socialmente mais conveniente. De entre todas essas questões, aquelas que talvez tenham mais impacto, e que eu também considero como mais relevantes para este conteúdo, são todas as que dizem respeito ao tema do “egoísmo”. Palavra que, por si só, desperta as mais variadas interpretações, julgamentos e emoções. Uma palavra perante a qual, definitivamente, ninguém fica indiferente.
Não tenho como avaliar se, na generalidade, a tendência atual é ponderar o egoísmo como algo negativo ou positivo mas, creio que todos nós conseguimos identificar situações onde existe uma maior probabilidade de os nossos comportamentos serem considerados como aceitáveis, e até dignos de mais e melhor valor, se afirmarmos que o motor das nossas ações reside no bem-estar do outro. E para quem acredita que realmente assim seja, vale mesmo a pena perguntar: o que é que tu desejas sentir com a constatação do bem-estar do outro?
Para quem se habituou a pensar desta forma, poderá ser um pouco desafiante reconhecer que o bem-estar do outro só me é importante, precisamente porque me sinto bem se o outro estiver bem… Portanto, seja qual for o caminho, é sempre a chegada ao meu bem-estar aquilo que realmente importa.
Seja qual for o caminho, chegar ao teu bem-estar é o destino.
Todavia, ao longo dos tempos, a ideia de se fazer pelo outro, sem privilegiar o próprio bem-estar, foi fortemente inculcada. De tal modo que, nestes tempos mais recentes, são muitas as pessoas que sentem um certo repúdio perante qualquer sugestão que lhes lembre que, seguir o seu próprio bem-estar, é seguir em direção à solução. Sim, mesmo tratando-se daquilo que se considera um problema a nível mundial.
Engraçado… Estou a dar por mim a reparar que andei uns bons meses a conter um pouco a escrita destes conteúdos, uma vez que não pretendia inspirar ainda maior reatividade por parte de quem já estava demasiado focado no problema. Porém, quanto mais vou escrevendo, refletindo e sentindo, mais perceciono que este momento da nossa história é, literalmente, o melhor e mais atual exemplo, do mundo, para que se possa dar ênfase ao conhecimento que reside em cada um.
Também dou por mim a ponderar que a implementação da ideia de que devemos fazer o que fazemos pelo bem-estar do outro, sem dar prioridade ao nosso próprio bem-estar, não terá, com certeza, surgido por acaso… Tratou-se até de uma estratégia muito bem delineada, reconheço. E foi de tal forma perpetuada ao longo do tempo, que creio que nunca, como agora, me foi tão notório o quanto ela está estabelecida na sociedade.
Contudo, neste preciso instante, e apesar de muito redundante, é inevitável que me fique aqui a pairar a questão: será que quem determinou que o seu bem-estar dependia do bem-estar do outro estava numa zona de bem-estar? O que te parece?
Pela (re)conexão com o Amor que És, com leveza.